Maluma abandona entrevista após ser questionado sobre violações de direitos humanos no Qatar

No Qatar, onde se apresentou neste fim de semana como parte da programação da Copa do Mundo de Futebol, o cantor Maluma foi entrevistado pela TV pública israelense. Ao ser questionado nesta segunda (21) sobre o fato de que colegas como Shakira e Dua Lipa recusaram convites para se tocar no país em apoio à comunidade queer, o artista teve uma atitude inesperada.

“Obviamente, as pessoas se perguntam se você não vê problema com a questão dos direitos humanos”, disse o âncora. O Qatar tem sido alvo de diversas denúncias de violações e recebe críticas por sediar o evento esportivo, ignorando a segurança de torcedores LGBTQIA+.

Visivelmente incomodado, o colombiano disse o seguinte: “Isso [referindo-se às denúncias] é algo que eu não posso resolver. Vim aqui apenas pra aproveitar a vida, aproveitar o futebol, a festa do futebol. Na verdade não é algo que eu tenho que estar envolvido”.

Ele prosseguiu: “Estou aqui curtindo com a minha música e a beleza da vida que é jogar futebol”.

O apresentador foi incisivo e afirmou que sua simples presença no mundial poderia suscitar questionamentos no público a respeito de uma postura mais dura, em apoio às populações marginalizadas. Foi então que um membro da equipe do cantor sugeriu que ele abandonasse a conversa. Antes de sair, Maluma afirmou que o repórter estava sendo “grosseiro” por ter abordado o assunto.

"אתה חצוף": שליח כאן חדשות לקטאר @MoavVardi שאל את הזמר מאלומה, שיבצע את שיר האוהדים של המונדיאל, על זכויות האדם בקטאר – השיחה פוצצה | הריאיון המלא – מחר ב-#חדשותהשבת בכאן 11 pic.twitter.com/Jzd0jHyPZZ

— כאן חדשות (@kann_news) November 18, 2022

No Qatar, nação que vive sob um regime ditatorial e entrelaça sua legislação a uma interpretação radical do islamismo, o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo é considerado crime. O código penal estimula, entre outras coisas, a prisão de homens que transam com outro homens.

Atitudes como dar as mãos na rua, trocar beijos na boca ou mesmo circular com uma bandeira do movimento queer à mostra podem ser enquadradas no “crime de violação da moral pública”. Uma recente reportagem, publicada pelo jornal britânico The Guardian, mostrou ainda que o regime tem sido acusado de chantagear homossexuais. O governo estaria oferecendo proteção em troca de delação de outras pessoas LGBTQIA+, futuramente punidas.

Maluma não comentou o ocorrido até o momento.

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