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Fotos: Van Campos (AgNews)/Dri Spacca (Papelpop)
Fotos: Van Campos (AgNews)/Dri Spacca (Papelpop)
música

Rosalía canta com Gloria Groove e incendeia multidão em show histórico no Lolla Br

Por Guilherme Araujo e Jovi Marques

Os motores rufaram no escuro quando Rosalía, munida de seu capacete fluorescente e rodeada por um talentoso ballet, chegou para encerrar as atividades do festival Lollapalooza Brasil.

A euforia pop despertada pela sueca Tove Lo, que havia encerrado seu show há apenas alguns metros dali, minutos antes, encontrou sem grande esforço um novo fio condutor.

Antes de que a estrela catalã desse início a sua jornada, nos minutos finais de Baco Exu do Blues o público ansioso e já a postos no Palco Chevrolet puxou o coro “Ei, Drake, vai tomar no c*”. Durou pouco: quem estava na plateia logo deu um jeito de esquecer que o rapper canadense, headliner desta noite, cancelou sua apresentação em cima da hora.

Foto: Dri Spacca/Papelpop

“SAOKO”, hit símbolo da geração tiktoker, trouxe com os dois pés na porta o reguetón, gênero musical que até então não tinha aparecido no Lolla Br. Não deixa de ser um contraste com o que se assiste nas edições hermanas do festival em Santiago e Buenos Aires, em certos aspectos um tanto díspares no que tange a curadoria dos lineups.

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Com direção da equipe da própria artista – algo até então inédito neste ano – Rosalía entregou um show absolutamente fora dos moldes visuais. Pautadas por uma estética carregada de êxtase, imagens verticais e distorções, o registro deu a quem assistia em casa uma outra leitura do espetáculo, atravessada por uma infinidade de camadas.

“Bizcochito”, “La Fama” e “Bulerías” vieram na sequência a fim de sublinhar a diversidade do disco “MOTOMAMI”. Em poucos minutos, a obra ganhou vida em cena e foi do pop chiclete ao flamenco tradicional, passando ainda pela bachata dominicana e o merengue.

Cantadas em uníssono, as faixas arrancaram olhares de surpresa da artista, que da última vez se apresentou para um público cerca de dez vezes menor.

Foto: Dri Spacca/Papelpop

Caso as visitas se tornem frequentes, a fluência em português também deve progredir. Esforçando-se ao máximo, Rosalía buscou interagir com o público e se declarou repetidas vezes enquanto conversava. “Estou muito feliz de voltar, muito obrigada por me dar a oportunidade de retornar aqui”, disse, ovacionada, antes de trazer à cena o samba-eletrônico “CUUUUuuuuuute”.

Em “La Noche de Anoche”, parceria com o gigante Bad Bunny e representante de um momento íntimo aguardado pelos fãs, uma surpresa: a popstar brasileira Gloria Groove, que assistia ao show na área VIP, recebeu o microfone para cantar um verso com a colega.

Se até pouco tempo a estrela estava restrita ao circuito europeu, agora o contexto é diferente. A partir deste show, o segundo em solo brasileiro, percebe-se que a passagem do tempo e o estabelecimento de um nível mínimo de atemporalidade leva os hits recentes a quase se atropelarem, pondo em evidência como esse repertório se expande e fundamenta. “Despechá” e “LLYLM”, músicas bastante novas, são exemplos excelentes desse movimento.

Foto: Van Campo/AgNews

A grande novidade, no entanto, foi “BESO”, colaboração com o agora noivo Rauw Alejandro lançada dias antes. É a única canção que se viu deslocada no percurso diante da proposta que se planteou.

Cantada com as luzes baixas e sem a companhia de seus exímios bailarinos, a novidade ainda desconhecida para uma parcela dos fãs perdeu o brilho. Destoou, por exemplo, da teatralidade empregada na excelente “La Combi Versace”, com quem poderia ter feito um mashup.

“HENTAI”, cantada ao piano, voltou a expor essa felicidade romântica que há tempos deixou de ser clandestina. A família também foi lembrada na doce “G3N15”, uma homenagem ao sobrinho e à avó, que empresta sua voz a partir de um áudio emocionante, extraído do WhatsApp.

O protagonismo de “El Mal Querer” (2018), projeto que a colocou no mapa, ficou restrito a dois pontos: “Pienso En Tú Mirá” e “Malamente”, que mesmo em versão reduzida não deixou de lado sua glória e imponência.

Foi impossível não reparar nos gritos de “Te quiero Rosa” e “Gostosa” que vazaram repetidas vezes no microfone, sobretudo em instantes de calmaria – um aspecto que divide opiniões entre o reconhecimento de uma fragilidade técnica e a intenção de manter a organicidade desse trabalho tão complexo.

Mesmo com todas as dificuldades de logística que se pode imaginar envolvendo seu telão de LED e a estrutura deixada para trás por Drake, o Lollapalooza Brasil se encerra com a certeza de que Rosalía merecia o palco principal, tanto por sua relevância artística quanto pela aderência do público em relação à “MOTOMAMI World Tour”.

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