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“Um dos melhores filmes do ano”: o que diz a imprensa sobre “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho

Um especialista em tecnologia volta à sua cidade natal, em 1977, para reencontrar o filho pequeno e, em seguida, fugir do país. Enquanto isso, pistoleiros contratados por um funcionário federal corrupto se aproximam, cercando-o como tubarões famintos. Esta pode ser uma boa forma de definir, cruamente, o enredo de “O Agente Secreto“, filme de Kleber Mendonça Filho que acaba de estrear no Festival de Cinema de Cannes.

Horas após a primeira exibição, que contou com a presença do cineasta e de parte do elenco, as primeiras críticas assumiram um tom positivo, dando a entender, inclusive, certo favoritismo a uma possível vitória da Palma de Ouro. Entre outras publicações, o site Deadline, apesar de pontuar o extenso tempo de duração (2h38) e determinadas “faltas de conexão no roteiro”, assumiu um tom elogioso.

Quem também fez críticas favoráveis foi o portal Screen Daily, que definiu a obra como “uma mistura inesperada entre o ímpeto sangrento de ‘Bacurau e a reflexão mais delicada de seu filme anterior, o documentário ‘Retratos Fantasmas””, além de traçar paralelos entre o período turbulento escolhido tanto por Mendonça Filho quanto por Walter Salles (“Ainda Estou Aqui”) para expor histórias tão densamente interessantes.

Abaixo, você confere trechos das principais impressões já compartilhadas dentro e fora do Brasil.

Variety

“O Carnaval serve como uma conveniente cortina de fumaça para quase 100 mortes e desaparecimentos em O Agente Secreto, a imersão sensorial e memorial de Kleber Mendonça Filho nos sons, imagens e no clima sufocante — tanto político quanto meteorológico — que o diretor brasileiro associa ao Recife de 1977. Há um poderoso senso de lugar, filtrado por um olhar cinéfilo. É impossível não perceber uma sensibilidade mais contemporânea quando o diretor desloca o foco dos dissidentes políticos para um outro tipo de herói: jovens queer em fuga e mulheres negras, que se sentam com Marcelo na melhor cena do filme, compartilhando histórias que provavelmente nunca foram registradas — e que aqui são honradas pela primeira vez”.

The Hollywood Reporter

“Wagner Moura faz um retorno impressionante ao cinema brasileiro em um magistral thriller político de época assinado por Kleber Mendonça Filho. Filmado com lentes anamórficas Panavision e com as cores levemente saturadas dos filmes da época, o longa é visualmente deslumbrante, com cada enquadramento repleto de detalhes interessantes graças ao primoroso trabalho de direção de arte e figurino de Thales Junqueira e Rita Azevedo, respectivamente. Animado por uma galeria populosa de personagens — quase à maneira de Altman —, numerosos demais para serem mencionados, todos interpretados sem uma nota falsa sequer, e por um forte senso de comunidade que se une para se proteger das forças opressoras externas, o filme mergulha num embriagante senso de tempo e lugar que revela o profundo amor de Mendonça Filho pelo cenário. É uma conquista monumental e, em nossa opinião, certamente um dos melhores filmes do ano”.

Indie Wire

“Wagner Moura tenta deixar a História para trás no belíssimo thriller de época, um retorno do diretor de ‘Bacurau’ que se faz com uma obra épica de textura vívida sobre um homem tentando escapar do Brasil dos anos 1970 — ou morrer tentando. Há um prazer evidente que Mendonça Filho sente ao retratar as ruas da cidade em um magnífico widescreen, preenchendo-as com fuscas coloridos, calças bocas de sino e tantas canções incríveis com sotaque da Tropicália que o crítico sentado ao meu lado passou o filme inteiro usando o Shazam em cada cena. Obviamente, eu o apunhalei até a morte com minha caneta em determinado momento, mas fiz questão de pegar seu celular como referência quando a sessão acabou”.

Le Monde

“O roteiro nos comove, por fim, ao conectar três gerações: um pai, seu filho e o avô materno. Este último, um homem afetuoso e dedicado, é projecionista em um cinema do centro da cidade: chama-se senhor Alexandre (Carlos Francisco), e os fãs de Mendonça Filho reconhecerão a homenagem ao projecionista Alexandre Moura (a semelhança é impressionante), que aparecia em seu documentário Retratos Fantasmas (2023) — uma exploração de Recife por meio de suas salas de cinema. A volta se completa, de forma hipnótica, neste O Agente Secreto, que entrelaça ficção, thriller e reminiscências do real.”

O Povo

“Na busca pela Palma de Ouro do 78º Festival de Cannes, Kleber Mendonça Filho cria drama denso com ação, suspense e até viagem no tempo. ‘O Agente Secreto’ tem Wagner Moura no elenco. Reações animadas surgiram pela imprensa destacando o vigor de uma obra que consegue ser atraente mesmo com um recorte tão regional. Longe do barulho de ‘Bacurau’, da jornada egóica de ‘Aquarius’ e da frieza de ‘O Som ao Redor’, este prefere criar tensões a vozes baixas e imerso numa teia muito mais ampla de personagens. Embora Wagner Moura lidere o elenco, a trama renuncia à sua onipresença para soar natural aquele grupo de “refugiados” que criam um laço de apoio”.

“‘O Agente Secreto’ mistura caos e charme. Ainda que coesão e coerência não estejam no topo da lista de qualidades do filme de Kleber Mendonça Filho, sua bagunça faz parte do encantamento. A intenção é construir uma espécie de coda mais reflexiva e emocional — e o filme quase chega lá. Mas, vindo apenas meia hora depois de um banho de sangue insano e de uma cena de sexo em um parque envolvendo uma perna decepada, fica difícil alcançar um estado contemplativo. Ao que tudo indica, 1977 foi um tempo de “travessuras” demais para permitir uma virada de tom tão abrupta”.

***

Por ora, o filme ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

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