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Roísín Murphy: selo interrompe divulgação de disco após comentários transfóbicos

música
(Foto: Reprodução/YouTube)
(Foto: Reprodução/YouTube)

This is for my peoples who just lost somebody…

O selo Ninja Tune, responsável pelo lançamento do disco “Hit Parade”, próximo projeto de Roísín Murphy, deve interromper a divulgação do projeto e tomar medidas de reparação. A medida se justifica pelos comentários de cunho transfóbico feitos pela artista, via Facebook, e que vieram à tona na última semana.

À revista britânica The Star, em matéria publicada nesta quarta-feira (3), uma fonte afirmou que a ideia é seguir com o lançamento, programado para o dia 8 de setembro, mas cancelar todos os compromissos ligados ao marketing e promoção.

Além disso, os responsáveis pretendem doar toda a renda obtida com o álbum para entidades dedicadas ao combate à transfobia. A publicação tentou contato com a equipe de Murphy, mas ela preferiu não comentar.

Tudo começou quando passou a circular um print com um comentário feito pela artista. Na postagem, ela se refere a jovens transexuais como “pequenas crianças confusas”, além de fazer críticas aos chamados “bloqueadores de puberdade”.

Esse tipo de medicação, usado por crianças e adolescentes que vivenciam incongruências de gênero, é seguro e restringe hormônios ligados às mudanças no corpo durante a puberdade — entre os quais, se incluem a menstruação ou o surgimento de pelos faciais.

Seu objetivo, de acordo com o Gender Identity Development Service (GIDS), é pausar a puberdade e dar mais tempo aos pacientes a fim de avaliem suas decisões antes de vivenciar mudanças em um corpo que apresenta, biologicamente, o gênero com o qual não se identificam. Isso também impede que a pessoa seja submetida a tratamentos cirúrgicos invasivos, como a remoção de seios via mastectomia.

Uma reportagem recente publicada pelo UOL mostra que a maioria dos jovens britânicos ouvidos prefere manter a ingestão de bloqueadores e acaba, após os 16 anos, aderindo a hormônios que auxiliam na mudança de sexo.

Na dita postagem, Roísín Murphy dizia o seguinte:

“Por favor, não me chame de TERF, por favor, não continue usando essa palavra contra as mulheres. Eu imploro! Mas os bloqueadores de puberdade estão terríveis, absolutamente devastadores, as grandes farmacêuticas estão rindo a caminho do banco. As crianças um pouco confusas são vulneráveis e precisam ser protegidas, isso é simplesmente verdade”

“TERF” é um termo utilizado para se referir a alguém com opiniões preconceituosas em relação a pessoas transgênero e que se colocam contra políticas públicas e sociais de inclusão.

Veja a postagem abaixo:

(Foto: Reprodução/Facebook)

(Foto: Reprodução/Facebook)

***

Cantora se pronunciou

Vendo a repercussão negativa, em resposta, via Twitter, Murphy afirmou, na última segunda-feira (29), que se sentiu “desconfortável e profundamente inadequada” ao participar da discussão pública, e que não conseguiria “pedir desculpas por ser a razão desta erupção prejudicial e potencialmente perigosa de fogo e enxofre nas redes sociais”.

A artista prosseguiu dizendo que “testemunhas as consequências das minhas ações e as divisões que causei é desolador”.

Leia:

“Tenho uma conta pessoal no Facebook há anos. Na manhã em que fiz esses comentários, estava descendo a página e trouxe à tona um problema específico que estava apenas vagamente relacionado com a postagem original. Era algo que estava em minha mente. Eu sabia que meus amigos estavam informados sobre o assunto. Deveria ter percebido que estava ultrapassando limites. Passei toda a minha vida celebrando a diversidade e diferentes pontos de vista, mas nunca padronizo nem direciono cinicamente minha música diretamente para os bolsos de qualquer grupo demográfico. A música que faço é o núcleo de tudo para mim e está em constante evolução, é livre e imprevisível. Para aqueles de vocês que estão me deixando, ou já partiram, entendo, realmente entendo, mas saibam que amei cada um de vocês. Sempre me orgulhei muito da minha audiência e compreendi o privilégio de me apresentar para vocês ao longo dos anos. A partir de agora, vou me retirar completamente desta conversa no domínio público. Não tenho o menor interesse em transformá-la em qualquer tipo de ‘campanha’, porque fazer campanha não é o que faço. Embora eu compreenda completamente que para outros o ativismo seja sua verdadeira vocação, e seja necessário e legítimo em uma democracia. Minha verdadeira vocação é a música e a música nunca excluirá nenhum de nós, acredito que sempre será uma das maiores ferramentas que podemos usar para criar uma cultura de tolerância. Obrigado por se dar ao trabalho de ler isso. Estou indo pescar. Com sinceridade, Róisín”.

A cantora, que sempre foi abraçada pela comunidade LGBTQIAPN+, é uma das atrações do festival Primavera Sound São Paulo. O evento, que ainda tem ingressos à venda, acontece nos dias 2 e 3 de dezembro, no Autódromo de Interlagos. Será que o público ainda vai vê-la?

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