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“Nada nos preparou para isso”: Pitty lança série do “MATRIZ” gravada em casa e fala com o PP sobre isolamento

O tempo é de isolamento mas a arte não para. Vemos artistas da música, cinema e TV encontrando novas formas de produzir conteúdo em casa e lançando um formato inédito. Pitty é uma das nossas estrelas brasileiras da música a participar desse processo e ontem lançou “VideoTrackz” uma minissérie feita em stories na sua casa para o seu álbum mais recente, “MATRIZ”.

A série pode ser vista acessando o destaque no Instagram de Pitty e mostra a cantora numa série de vídeos em cantos da casa, explorando também cores, fotografias, objetos, sobreposições e outras formas de ilustrar as músicas do álbum.

Em conversa com o Papelpop, procuramos entender como foi todo esse processo de Pitty. A baiana conta com exclusividade como está lidando com o isolamento social – “Há dias melhores, nos quais eu consigo fazer as tarefas de boa […] e há aqueles em que bate uma angústia de não saber até quando vai isso” – como também o quão importante é o projeto para motivar as pessoas a criarem coisas e exercitar a criatividade em casa.

Como você está lidando com o isolamento social? Está aproveitando para criar novos hábitos e explorar novas experiências?

Olha, acho que, como todo mundo, estou aprendendo na prática sobre essa nova vida, esse “novo normal”. Nada nos preparou para isso, nenhum manual, nenhum precedente. É tudo inédito, e por aspecto, passível de invenção. Podemos e devemos inventar como viver a partir de agora. Eu tenho procurado entender. Não me sinto estável ainda, Há dias melhores, nos quais eu consigo fazer as tarefas de boa, ficar tranquila; e há aqueles em que bate uma angústia de não saber até quando vai isso. Estou tentando estabelecer uma rotina que me deixe saudável de corpo e mente, tentando criar e também aceitar o que não dá pra mudar.

Você tem aproveitado o tempo para compor também?

Eu foquei bastante e me dediquei esse tempo todo até agora em produzir o VideoTrackz. Estou há mais de 30 dias sem sair de casa. Mas tem também as tarefas domésticas, filho, etc. Vou criando à medida em que for encontrando espaço e inspiração. O que eu tive vontade de fazer até agora está aí no mundo hoje: a tracklist visual do Matriz.

Como foi idealizar todos os vídeos pensando que eles tinham que combinar com a música e ao mesmo tempo acontecerem todos apenas no espaço de sua casa?

Pensei em roteiros simples, coisas corriqueiras, detalhes. Não precisava haver necessariamente uma história, era mais a coisa da cor, da sensação que combinava com a música, a estética. Fui pensando em todas as coisas que estavam à mão e que podiam render mini-vídeos legais.

Você acha que, de certa forma, os vídeos trarão uma nova interpretação do MATRIZ para o público?

Espero que sim. A ideia era além de compartilhar um conteúdo contemporâneo e colaborativo, que tem a ver com o que estamos passando, também continuar contando a história do Matriz e abrir novas possibilidades de interpretação para as músicas.

Li que você utilizou ferramentas super simples e acessíveis para produzir os vídeos. Pensando agora nesse momento em que todo mundo está reproduzindo vídeos no Tik Tok, você acha que isso abre portas para as pessoas também fazerem sua própria versão do projeto?

Acho que sim. Toda forma de expressão, de arte, de fala, é importante. É possível exercitar a criatividade e o autoconhecimento através dessas ferramentas também. O conceito desse projeto também propõem uma volta ao simples, ao essencial, ao prioritário. Nesse ponto eu penso sobre o do it yourself e toda minha vivência no hardcore, que trouxe essa ideia de autonomia e de poder. Nós podemos, com o que temos, nos expressar artisticamente.

Dá para dizer que o projeto também é uma forma sua de pedir para o público ficar em casa? Pode parecer um pedido simples, mas existe um movimento crescente contra o isolamento que é preocupante, né?

Sim, totalmente. Eu sei que não tá fácil. Eu mesma dou uma bugada às vezes e acho que faz parte. Mas é hora de segurarmos essa pressão, pensar que vai passar. Quando estiver difícil; dance, grite, cante, risque um papel. Ligue para uma amiga. Chore. Ria. Vai passar, vamos juntos. Mas é hora de ficar em casa.

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