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Psica 2025: um giro pelo festival de Belém, que é o novo Patrimônio Cultural Imaterial

No início de dezembro, o festival Psica recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial pela Câmara Municipal de Belém. Ao realizar a edição de 2025 poucos dias depois, mostrou que a condecoração, proposta pela vereadora do Pará, Marinor Brito (PSOL), é, no mínimo, justa.

Isso porque o evento, idealizado pelos irmãos Jeft e Gerson Dias há mais de dez anos, assumiu e tem cumprido a missão de se conectar com o Brasil e o mundo a partir de uma curadoria plural, mas sempre com a cultura paraense e amazônica como protagonista.

Só no último fim de semana, 12, 13 e 14 de dezembro, distribuiu mais de 70 atrações nacionais e internacionais por cinco palcos em dois lugares diferentes da capital do estado: o bairro Cidade Velha, no centro histórico; e o Estádio Olímpico Jornalista Edgar Proença, o Mangueirão.

No line-up estiveram Luedji Luna, Marina Sena, Urias, Mano Brown, Jorge Aragão, BK’, Martinho da Vila, AJULIACOSTA e outros artistas que já são carimbados em eventos pelo país, mas que não vão com tanta frequência ao Norte.

Em pé de igualdade na programação estavam nomes da cena paraense, como Dona Onete, Wanderley Andrade, Xeiro Verde, Fruto Sensual, Manga Verde e Voo Livre.

É aí que está o trunfo do festival: não há distinção entre o que é celebrado como “nacional” e o que é rotulado de forma simplista como “regional”.

Não à toa, foram as aparelhagens, Carabao, Rubi e Crocodilo, que encerraram todos os três dias do festival em uma escolha política dos diretores.

“As pessoas diziam que não ia funcionar por causa das estruturas, além de ser uma cultura marginalizada. A gente falou ‘f*da-se’ e quis abraçar”, explicou Jeft.

Essa mistura de sons, cores, fogos de artifícios e sensações atraiu 110 mil pessoas tanto para a Cidade Velha, cujas apresentações foram gratuitas na sexta-feira, quanto para o Mangueirão, com ingressos pagos no sábado e domingo.

Entre residentes de Belém e turistas, não teve quem ficasse parado e não atendesse à ordem: “endoida, c*ralho”. A plateia dançando do pop e samba ao tecnobrega e carimbó, por vezes descalço e sempre suado, era um show à parte.

Os artistas se rendiam à recepção calorosa. Marina chegou a declarar que a cidade tem “um dos melhores públicos do Brasil”. Wanderley, por sua vez, se aproximou da galera ao escalar o gradil de seu palco e subir em um banheiro químico em um dos momentos mais emblemáticos da edição.

Até mesmo Viviane Batidão, que precisou cancelar seu show após perder um voo a Belém devido ao ciclone extratropical em São Paulo, não perdeu o festival e a chance de enaltecer a cena paraense.

“O Pará não está na moda. O Pará chegou para ficar. Moda passa, mas a gente não vai passar”, afirmou em conversa com o Papelpop.

A rainha do tecnomelody teria se apresentado na sexta com seu álbum mais recente, “É Sal”, mas só chegou a tempo para o domingo e passou no espaço imersivo d’O Boticário, em que atua como embaixadora, para encontrar fãs e imprensa.

A marca de beleza, a propósito, foi uma das patrocinadoras do evento, assim como Petrobras, Mercado Livre, via Lei Rouanet, e TIM. A realização foi da Psica Produções, Fundação Cultural do Pará, Governo do Pará, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Diretamente na produção estavam mais 3 mil pessoas envolvidas, colocando o festival entre os exemplos de geração de emprego e renda a partir da economia criativa.

A expectativa é de crescimento, estreitando principalmente a parceria com o município após a declaração de Patrimônio Cultural de Belém.

“Espero que um selo como esse fortaleça apoios e nos dê condições melhores de trabalhar na Cidade Velha, na rua, no primeiro dia, e levarmos cada vez mais longe a cultura do nosso território”, pontuou Jeft.

“É um reconhecimento muito importante para o trabalho que estamos fazendo, pois mostra que está dando resultado. Queremos seguir nesse caminho, que coisas maiores vêm por aí”, complementou Gerson.

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