música

Gaby Amarantos, Luedji Luna, “Dominguinho” e mais: os discos nacionais favoritos do Papelpop em 2025

Em 2025, a música brasileira voltou a mostrar que é grande e plural como o próprio país. Muitos dos talentos nacionais, de Norte a Sul, lançaram discos que refletem essa riqueza – os quais o Papelpop lista, em ordem decrescente, abaixo.

10. “Dominguinho”, de João Gomes, Jota.pê e Mestrinho

“Dominguinho” é a união de três potências da música brasileira: João Gomes, Jota.pê e Mestrinho. Suas vozes e sanfona se encontram para fazer um forró que capta a sensação de um domingo ensolarado e manhoso diante do Sítio Histórico de Olinda, em Pernambuco. O pernambucano, o paulista e o sergipano não só revisitam os sucessos de seus universos particulares em novos arranjos, como também constroem juntos inéditas e releituras, com uma harmonia incontestável. Não à toa, eles conquistaram milhões de streams nas plataformas digitais e emplacaram uma turnê pelo Brasil. São um fenômeno.

9. “Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer”, de BK’

Após alçar o voo de “Icarus” (2022) e aterrissar no pódio do rap nacional, BK’ volta a brilhar com “Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer”. No álbum, o rapper carioca abre seu leque de referências para imprimir no rap o pop, R&B, trap e outros gêneros que fazem a música do Brasil plural. Ele celebra quem veio antes, com samples Milton Nascimento, Djavan e Evinha perfeitamente manuseados, e quem caminha ao seu lado, como Luedji Luna, Melly e MC Maneirinho. Também dirige um olhar atento a seu próprio coração, destacando em suas composições que a vulnerabilidade é capaz de deixá-lo mais forte e não o contrário.

8. “Gambiarra Chic, Pt. 2”, de Irmãs de Pau

Após cinco anos juntas, abalando as estruturas do funk, Vita e Isma anunciaram o fim das Irmãs de Pau e passaram a investir em carreiras solo. Antes disso, no entanto, as artistas paulistas presentearam o público com “Gambiarra Chic, Pt. 2”. No projeto, cuja sonoridade transita no gênero com influências do drill ao reggaeton, as autodeclaradas “pesquisadoras da estética sonora e visual da p*taria brasileira” entoam suas vivências e desafios com a irreverência que as destacou na cena queer.

7. “Caro Vapor II – Qual a Forma de Pagamento?”, de Don L

“Caro Vapor II – Qual a Forma de Pagamento?” é uma retomada grandiosa de “Caro Vapor” (2013), primeiro trabalho de Don L à parte do grupo Costa a Costa. No segundo volume, o rapper e produtor brasiliense faz a espera de 12 anos valer a pena com rimas potentes e conexão com a vasta musicalidade brasileira. Ao longo de suas 15 músicas, que vão do tom político e anticapitalista ao romântico, o artista expande os horizontes do rap ao fazer acenos a Milton Nascimento e Dorival Caymmi e trazer Giovani Cidreira e Anelis Assumpção. Ele volta a reivindicar seu título de rapper favorito do seu rapper favorito, como cantou há mais de uma década.

6. “Coisas Naturais”, de Marina Sena

Da capa às 13 faixas de “Coisas Naturais”, Marina Sena cria o próprio caleidoscópio ao explorar as influências de sua formação musical e as possibilidades de seus vocais. A cantora e compositora mineira de Taiobeiras surge carregada de latinidade, flertando com pop, bossa nova, reggae, arrocha e funk, além de reggaeton, para fazer um Carnaval em vidas sem sal. Tudo isso enquanto demonstra um aprimoramento técnico de voz, tendo feito um trabalho de produção vocal inédito em sua carreira. Ela se posiciona como uma artista em evolução e que mira o mundo, mas, felizmente, sem se esquecer de suas raízes.

5. “O Mundo Dá Voltas”, de BaianaSystem

“O Mundo Dá Voltas” traz o melhor do BaianaSystem. O disco tem o suingue envolvente e as letras afiadas que vêm do olhar do grupo baiano sobre as questões sociais dos povos do Brasil, do Caribe e de África, dando um giro que começa em Salvador, onde nasceu, mas percorre toda a “Ladinaméfrica”. É a continuidade de um diálogo entre passado e futuro, que já é recorrente na discografia da banda, principalmente no excelente “O Futuro Não Demora” (2019). Mas, para além disso, é uma aposta no coletivo. O Baiana acredita no trabalho a várias mãos, trazendo para junto Gilberto Gil, Seu Jorge, Pitty, Anitta, Alice Carvalho e a Orquestra Afrosinfônica, entre outros gigantes da música brasileira.

4. “Improviso”, de Djavan

Em entrevista a Maria Fortuna, do jornal O Globo, Djavan confessa: “Falo bastante de amor, mas não sei nada sobre amor. Eu sou um transeunte na questão”. Apesar disso, ou justamente por causa disso, o amor segue soberano na obra do cantor, compositor, violonista e produtor alagoano de 76 anos. Mesmo no 26º álbum de sua carreira de cinco décadas, “Improviso”, ele observa e canta os romances e seus movimentos não programados, declarando que “ir atrás do amor é um jazz” e, também, uma fonte inesgotável de inspiração. Ainda bem.

3. “Afim”, de Zé Ibarra

Zé Ibarra tem chamado a atenção por onde passa – seja com o grupo Bala Desejo, com a participação na turnê de despedida de Milton Nascimento ou com a regravação de “Meu Bem, Meu Mal” ao lado de Gal Costa. Em “Afim”, o mais recente de seus discos solo, o cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor carioca escancara o motivo. Ele sabe colocar a própria vulnerabilidade, sensibilidade e inquietude a seu favor, explorar as possibilidades da MPB e usar suas influências para criar um trabalho autêntico. Sua voz e sonoridade às vezes parecem tiradas dos anos 70, mas, por sorte, estão bem aqui e agora, fazendo dele um dos expoentes de sua geração.

2. “Um Mar Pra Cada Um”/“Antes Que A Terra Acabe”, de Luedji Luna

Luedji Luna surpreendeu ao lançar não só um, mas dois discos em 2025. “Um Mar Pra Cada Um” e “Antes Que A Terra Acabe” chegaram com menos de três semanas de diferença, sendo universos complementares. Neles, a cantora e compositora baiana mergulha em águas profundas para, em seguida, trilhar caminhos telúricos em busca do amor e da própria identidade. Ela oscila do sagrado e filosófico ao profano e ordinário, assim como vai do neo-soul e jazz à bossa nova, afrobeat e amapiano, sempre com maestria.

1. “Rock Doido”, de Gaby Amarantos

“Te prepara! O que tu vai escutar agora não é apenas um som; são frequências sonoras capazes de reorganizar teu sistema molecular. Esqueça tudo, que o rock doido começou”. Essa é a proposta feita – e cumprida – logo nos primeiros segundos de “Rock Doido”, adiantando a viagem sonora para Belém do Pará que Gaby Amarantos faz ao longo de suas 22 faixas. A cantora e compositora paraense, dona de uma carreira já consolidada pelo Brasil afora e vencedora do Grammy Latino, reafirma sua criatividade e vontade de celebrar a cidade ao captar a energia das aparelhagens e de todo o universo do tecnobrega no álbum.

A artista consegue criar um repertório sensorial e poderoso, que ganha ainda mais vida com “Rock Doido (O Filme)”, um curta-metragem de aproximadamente 22 minutos gravado no bairro da Condor. Ela coloca Belém e sua cultura como protagonistas, promovendo não só seu próprio rock doido, mas também fazendo a atenção do Brasil e do mundo sobre a capital paraense durar para além do Global Citizen Festival: Amazônia e da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).

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