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“Senti que ia acontecer”: Priscilla encara estreia em musicais com “Wicked Brasil” e revela como encontrou sua versão de Nessarose

Priscilla (ex-Alcântara) tem vivido um ano de experimentos.

Depois de sua era inspirada visualmente no disco “Motomami”, de Rosalía, com um disco autointitulado, a atriz e cantora tem usado este 2025 para dar novos passos.

Fez um show no festival The Town, em São Paulo, ao lado de artistas com quem nunca havia cantado: Fat Family, The Ghetto Heart Choir e Luccas Carlos.

Depois, seguiu arriscando seu alcance vocal gigantesco em covers intimistas, gravados em casa, que fazem barulho nas redes sociais.

Agora, encerrando o ano com chave de ouro, se deparou com algo que “sempre sentiu que aconteceria”: a estreia, a partir desta quarta-feira (26), em musicais.

O pontapé é num espetáculo de peso: será Nessarose, uma personagem densa e complexa na montagem de “Wicked”, no Brasil.

Ela é a irmã cadeirante mais nova de Elphaba (Myra Ruiz), senti um turbilhão de emoções e é peça chave na segunda parte da obra (que coincidentemente está nos cinemas numa versão com Cynthia Erivo e Ariana Grande).

Em entrevista ao Papelpop, a artista fala sobre como foi se encontrar no teatro musical e revela uma jornada de entrega, estudo e identificação que transforma sua estreia em muito mais que um papel: é um marco pessoal e artístico.

Papelpop – Com a estreia tão próxima, como você está se sentindo?

Priscilla – Acho que já é o momento da ansiedade chegar. Estou pensando muito. Estou fazendo minha rotina normal, vou fazer ioga, vou para a academia, vou fingir que não vou estrear em “Wicked” de noite, para ver se me ajuda. Quando eu paro pra pensar assim, já começa: ‘meu Deus do céu, ansiedade’. Eu falo: ‘não, eu já estou ensaiada, eu estou pronta, eu só preciso me maquiar e entrar no palco”, então não vou ficar pensando.

PP – Por ser Wicked, como você sente o peso dessa estreia?

Priscilla –  Olha, na verdade, claro que tem uma sensação de responsabilidade, porque é um projeto referência no meio de musical, tem muita história, mas, eu me sinto muito confortável, porque também é uma coisa que eu sempre quis, né? Então eu acho que quando a gente deixa pro universo ali, bem claro o que a gente quer, ele sempre retribui com muita generosidade. Eu acho que foi o que aconteceu comigo.

Foi muita generosidade logo a minha estreia, sendo um projeto tão lindo, e, principalmente, com pessoas maravilhosas, o pessoal do elenco, da produção… Eles são maravilhosos, culpa deles que eu estou me sentindo tão segura, tão confortável, então tem essa responsabilidade, mas ao mesmo tempo essa honra, essa gratidão pela minha estreia ser logo uma baita estreia, né?

PP – E como foi receber o convite para interpretar justamente Nessarose?

Priscilla – Eu sempre tive muita vontade, mas eu sempre senti realmente que ia acontecer, de verdade, eu sempre senti que ia chegar um momento que eu ia ter acesso a isso, e eu sou muito dedicada, assim, muito dedicada, eu tenho muita mentalidade de honra, então toda vez que eu tenho a oportunidade de acessar um lugar, de participar de um projeto, eu me dedico porque eu quero honrar aquela oportunidade, fazer jus, então, apesar, né, de ser difícil, aconteceu de uma forma um tanto inesperada, mas muito pragmática também.

Assim, eu digo que foi confortável porque a sensação foi de subir no palco e falar: “nossa, isso é muito compatível comigo, com o momento que eu estou, com quem eu sou”, então, realmente, foi um presente.

PP – Qual a importância de você fazer essa sua estreia justamente com uma personagem tão dúbia e com tantos traumas como a Nessa?

Priscilla – Olha, eu sou defensora da minha personagem mas realmente a Nessa… Eu acho que ela é uma das personagens que tem mais camadas ali, porque realmente é uma experiência de vida que ela tem, uma situação que é muito individual então tem muitos fatores ali.

Tem uma frase uma das frases mais fortes assim que traduzem isso no segundo ato, ela fala, ela olha pra Elphaba e fala: “Eu nunca quis depender de você, eu só queria andar”, e eu acho que isso também, esse significado de querer andar é também uma metáfora ao que ela queria da vida dela, ela queria conduzir a própria vida, sem depender do pai, da irmã… Eu acho que a circunstância levou ela a ter essa dependência emocional, mas eu acho que chegou no momento onde ela vê que essa dependência emocional não fez bem pra ela e ela passa a querer ter autonomia, só que ela faz do jeito errado, né? Ela faz através dessa mágoa dessa frustração, por isso ela se torna uma vilã, mas eu acho que isso foi só uma resposta que ela deu ao ambiente que criaram pra ela, não criaram um ambiente onde ela tinha a liberdade de ser e aí são muitas mágoas, eu acho que são muitas camadas de muitas mágoas que fizeram ela responder dessa forma por isso que eu defendo a Nessa, entendeu?

Eu tive que desenvolver a personagem, não com duas personalidades, mas com a personagem do segundo ato escondida ali no primeiro ato, como se ela tivesse chegado num estopim, no limite e explodiu a Nessa no segundo ato que é a Bruxa Má. Foi muito desafiador nesse sentido porque tinha que ter ali uma progressão dessa personalidade.

PP – Realmente, e a gente não pode olhar ninguém como sendo só bom ou só ruim.

Priscilla – É o próprio ponto central da história a gente sempre julga uma pessoa boa, uma pessoa má mas a gente nasce bom e mal ou a bondade e a maldade nos alcançam, então eu acho que o filme, a história, pede pra gente não olhar para as situações e para os personagens de uma forma com pré-julgamento. Vamos estudar, vamos observar, trazer perspectivas para analisar cada história e eu acho que isso ensina até a gente na vida mesmo, eu acho que é um ótimo ensinamento, uma baita reflexão de como a gente deveria lidar uns com os outros

PP – E como você diferenciou a sua Nessa das outras versões já existentes?

Priscilla – Olha, todas as meninas que fazem além da Lulu (Luísa Bresser), todas elas são maravilhosas e eu tive a oportunidade de assistir elas justamente pra entender que tipo de Nessa elas traziam e o mais legal foi que no meu primeiro ensaio a preparadora olhou pra mim e a primeira coisa não foi nem ler roteiro, foi a gente debater sobre a história, conversar sobre a personagem e ela me disse: “qual Nessa você traria, o que você pode trazer pra essa personagem?”.  Então eu observei as meninas, não com a intenção de copiar ou entender o que eu poderia fazer igual, mas o que elas traziam e onde eu também poderia trazer pontos diferentes, linguagens talvez um pouco diferentes, então eu enxerguei mergulhei na história da Nessa e tentei pegar pontos ali que eu acho que poderiam traduzir o sentimento, a história dela, porque eu não quero apresentar ela só como uma vilã e ponto.

Eu quero que as pessoas vejam que no meio dessa vilania, numa fala ou outra, ela deixa escapar a vulnerabilidade, a humanidade dela, a falta da irmã, a dependência da irmã, a frustração amorosa, então eu quero mostrar também um pouco de humanidade nesse sentido e também coisas de linguagem, então eu vou trazer um deboche, porque eu acho que toda vilã precisa de uma um deboche ali sabe? Então esse jeito dela digamos, machucar as pessoas, eu vou usar muito deboche, mas que eu coloquei como um mecanismo de defesa, ela usa o deboche, o sarcasmo, porque ela está tentando se defender, esconder a dor dela, então foi muito divertido entender como eu poderia fazer isso.

PP – Como foi interpretar uma personagem que utiliza cadeira de rodas?

Priscilla – Foi bem desafiador, eu acho que a parte de movimentação de palco realmente foi a parte mais desafiadora. A parte musical foi tranquila a de atuação também porque eu já tinha algumas experiências na vida né? Enfim, foi e a parte de movimentação foi bem complexa tanto é que no primeiro ensaio eu fiquei assim: “olha, gente, não vai dar certo, não vai dar certo, eu vou ter que voltar pra casa e vou assistir da plateia. Parabéns pra vocês porque eu não vou conseguir dar conta”, mas aí eu entendi que eu precisava realmente me entregar. E eu recebi muita ajuda, até das meninas, a própria Luiza me indicou ali algumas dicas de como me posicionar, de como lidar com aquela movimentação e acabou fluindo muito, eu acho que com a minha entrega a personagem acabou fazendo tudo ser mais fácil, eu acho que no primeiro ensaio eu tava com aquela tensão, né?

PP – Desde o começo você ensaiou já usando a cadeira?

Priscilla – É, o primeiro ensaio de palco já foi direto, mas eles foram muito gentis assim, de irem aos poucos comigo, então primeiro me mandaram o material, depois eu fui com o maestro aprender só as músicas, depois eu fui ler o roteiro, e aí quando a gente começou a ensaiar no palco foi já com a cadeira de roda logo no primeiro, então foi nesse primeiro momento que eu tive que juntar tudo de uma vez, sabe? Então foi aí que eu fiquei assustada sem saber se eu realmente iria dar conta, mas uma vez que você mergulha naquilo parece que todo o resto se encaixa, é um clique assim, encaixa e simplesmente é uma mágica que acontece

(Foto: Divulgação/Gabriel Pinho/Gabriel Valdevite)

PP – E a transição para o musical pareceu uma continuidade natural do seu trabalho como cantora?

Priscilla – Para mim, foi como uma extensão, até por causa de algumas habilidades que eu desenvolvi pra ser cantora e que eu estou usando no musical, então, eu estudei voz a minha vida inteira, muito focado também em interpretação, né, porque isso é uma ferramenta que me ajuda muito no estúdio, e é onde eu faço a minha brincadeira, eu consigo criar sons, timbragens, que cada música pede… Então eu tenho essa ferramenta, eu estudei isso, e dentro do musical é exatamente isso, né, você empresta ali a sua voz para uma determinada personagem, tem que imprimir quem ela é, a personalidade, o que ela sente, o que ela quer dizer… Então essa minha habilidade é uma habilidade de cantora, de palco, performance, que eu estou conseguindo usar no palco do teatro, então eu acabei sentindo que foi uma extensão, assim, de quem eu sou como artista.

PP – Agora que você se apaixonou pelo teatro musical, que outros projetos ou personagens você sonha interpretar?

Priscilla – Olha, o que eu já entendi é que eu vou entregar meu currículo em todos os musicais que passarem por esse país, porque agora eu me apaixonei pelo negócio, eu entendi que é pra mim, entendeu? (Risos) Então vão ter que receber as minhas audições aí para tudo.

Mas eu acho que seria muito legal talvez interpretar a história, a biografia de alguma cantora, eu acho que seria muito incrível. Eu amo biografias porque é onde a gente entende realmente as camadas do artista a humanidade dele, e eu que consumo muita cultura pop, eu amo ver esse “lado B” do artista, amo! Então… E poderia ser de qualquer artista, não consigo nem pensar em uma específica, mas eu acho que seria muito incrível interpretar e fazer um, assim, fazer um roteiro biográfico de algum artista.

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