Quando uma voz autêntica e uma caneta afiada surgem no indie britpop, o melhor a se fazer é parar e prestar atenção. A cantora e compositora inglesa Rachel Chinouriri se apresenta como uma prova disso, despontando na cena desde o lançamento de seu primeiro álbum de estúdio, “What a Devastating Turn of Events”, em maio de 2024.
No disco, a artista parte de sua perspectiva como uma mulher de 20 e poucos anos, filha de pais zimbabuanos e criada no subúrbio de Londres, ainda distante dos olhares e ouvidos do mainstream, para escancarar a complexidade de crescer e tentar se curar de feridas abertas do passado.
Ela faz de “eventos devastadores” 14 faixas embaladas por influências dos anos 1990 e 2000, que se tornam portas para significativos feitos em sua carreira: indicações ao BRIT Awards; elogio de Adele; abertura de shows de Sabrina Carpenter; e turnê própria, com passagem pelo Brasil.
A britânica estreia nos palcos brasileiros com “What a Devastating Turn of Events” e toda essa bagagem, além de ter na manga um EP mais solar e apaixonado, mas não menos interessante, “Little House”, lançado em abril deste ano. Ela canta no Cine Joia, em São Paulo, nesta quarta-feira (1º).
Em entrevista ao Papelpop, realizada há algumas semanas, Rachel Chinouriri fala sobre a primeira vinda ao Brasil e a vontade de aproveitar a vida à la Dua Lipa. Ela também reflete sobre a relação com seus fãs na internet e a trajetória na indústria musical.
Leia!
Papelpop – Como está se sentindo em vir ao Brasil pela primeira vez?
Rachel Chinouriri – Muito animada. Minha empresária é brasileira, então está no comando de toda a viagem. Ela já sabe onde ir e o que fazer. Ela está falando de irmos ao Rio de Janeiro e São Paulo. Ela também está muito animada. Então eu meio que estou indo na onda dela e me sentindo sortuda por ter alguém daí para me mostrar os caminhos.
PP – Está pensando em estender a viagem então?
RC – Ela disse que nós deveríamos tentar ir para lugares diferentes, mas a questão é que não temos muito tempo – talvez só dois ou três dias. Estamos vendo o que conseguimos encaixar nesse período antes de eu ter que ir embora. Mas Dua Lipa disse que ela transforma o trabalho em viagens de férias, então vou usá-la como inspiração, porque ela parece estar vivendo uma ótima vida (risos), e tentar ver tudo o que for possível nessa ida ao Brasil.
PP – Ah, Dua Lipa realmente é inspiradora. Eu queria a vida dela também!
RC – A forma como ela vive a vida dela… eu só consigo pensar: “É, é assim que eu preciso ser”.
PP – Já que esta é a sua estreia nos palcos brasileiros, me conta o que você tem preparado para o show em São Paulo. Você vai fazer o repertório de “What a Devastating Turn of Events” ou tem alguma surpresa?
RC – Vou manter o mesmo show [da turnê do álbum]. Sou uma pessoa que gosta de mudanças, mas, antes de mudar tudo, quero manter as principais canções porque nunca estive no Brasil, então os brasileiros nunca me viram ou ouviram minhas músicas [ao vivo]. Acho que não faz sentido adicionar inéditas ainda. Estou animada para apresentar as faixas do álbum.
PP – Antes mesmo do show ser anunciado, você vinha interagindo com brasileiros no X. Notei que você faz isso com fãs do mundo todo. Para você, é importante se aproximar deles pela internet, especialmente nesta época em que tudo e todo mundo estão sempre online?
RC – Eu acho que é divertido. Sei que temos a internet há muito tempo, mas o conceito da internet ainda é louco para mim. Desde o início da minha carreira, eu posto alguma coisa e vejo alguém do Brasil, da França ou de outros lugares do mundo nos comentários, dizendo algo do tipo: “Oi, acabei de te descobrir”. Isso é uma loucura e me dá vontade de conversar com as pessoas. O Brasil sempre foi uma fanbase que aparece religiosamente em todos os posts, com memes, vídeos, músicas… é incrível!
Também acho que é super importante porque faço questão que os fãs de outros países se sintam apreciados, principalmente quando não posso visitá-los com frequência. E eu gosto de aprender sobre diferentes culturas porque tenho origens em Zimbábue, apesar de ter nascido na Inglaterra. Quando você encontra pessoas que têm os mesmos interesses que você, mas são de outro lugar, é sempre interessante. Me sinto sortuda por ter um trabalho que me permite sair e conhecer o povo do Brasil, por exemplo, com que eu já tenho muitas coisas em comum. Me anima.
PP – Em uma dessas interações com fãs brasileiros, você abordou um assunto muito interessante e relevante: as barreiras que você pode enfrentar como uma jovem mulher negra tentando ascender no indie britpop. Como você tem observado essa questão?
RC – Me sinto sortuda pela jornada que tive porque, por mais que pareça ter sido fácil para mim, lembro como foi difícil no início. Fiz essa publicação sobre ser negra na cena indie/alternativa e viralizei. Lembro de ver no post muitos comentários em português sobre o assunto… e ver pessoas de um país diferente não só torcendo por mim, mas também contando como sofrem com coisas parecidas, me fez sentir menos sozinha. Eu realmente aprecio as reflexões e o apoio das pessoas.
PP – Falando sobre ascensão… você já conquistou muitas coisas na sua carreira: saiu em turnê, abriu os shows de Sabrina Carpenter, se apresentou no Glastonbury, foi indicada ao BRITs, etc. Como você avalia sua carreira até aqui e o que você almeja para o futuro?
RC – Acredito que minha maior conquista foi ter lançado meu primeiro álbum [“What a Devastating Turn of Events”]. Sou uma pessoa muito autoconsciente e era muito insegura, então, na minha cabeça, sempre pensava: “Eu não consigo fazer isso”. Sabrina Carpenter, BRIT Awards, minha própria turnê… mesmo quando ouço essas coisas, penso: “Como?”. Meu cérebro mal consegue processar porque, às vezes, sinto que não sou digna de tudo isso. Quando essas coisas realmente acontecem, penso: “Ah, uau! Talvez eu possa, sim, fazer todo tipo de coisas”. Acho que o que eu mais queria era lançar um álbum, o que já fiz, e então ter uma fanbase e fazer shows ao vivo. Este sempre foi o meu top 2.
PP – Ainda sobre o futuro… você recentemente lançou uma música nova, “What a Life”, então quero saber se você já está trabalhando em seu próximo álbum ou está focando em singles/EPs no momento. O que há no horizonte?
RC – [“What a Life”] foi uma das primeiras músicas que escrevi sobre meu namorado, Isaac, para o EP [“Little House”]. Eu queria que ela fosse lançada, mas havia duas versões, então entramos numa discussão para ver qual sairia. Decidi, então, finalizar o EP com ela, enquanto estou escrevendo um novo álbum. Estou no processo de composição. Vamos ver o que acontece!
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