música

Morre aos 79 anos Antonio Cicero, poeta, irmão e parceiro de Marina Lima

O poeta, filósofo e compositor Antonio Cicero morreu, nesta quarta-feira (23), aos 79 anos. Ele, que era irmão e parceiro de composição da cantora Marina Lima, vinha tratando problemas neurológicos decorrentes de um diagnóstico de Alzheimer e recorreu a um procedimento de morte assistida na Suíça. À ocasião, ele estava acompanhado pelo namorado, Marcelo.

Cicero nasceu no Rio de Janeiro, em 1945 e se dedicou, ao longo de toda a vida, à multidisciplinaridade artística. Além de escrever ensaios, críticas literárias, poemas, letras e colunas para o jornal, tornou-se membro, em 2017, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Logo, era um imortal.

Sua relação com a poesia começou ainda na infância, mas ganhou projeção a partir do desejo de Marina em musicar algumas de suas letras. Uma vez que se tornaram populares, Cicero se transformou em um dos maiores compositores do país, tendo colaborado também com Maria Bethânia, Waly Salomão, João Bosco, Orlando Morais e Adriana Calcanhotto.

São de autoria dos irmãos canções como “Pra Começar”, À Francesa” e “Fullgás”, que também deu nome ao disco lançado em 1984 — um marco na canção pop do Brasil que aspirava sua redemocratização.

Antes de morrer, Cicero deixou uma carta de despedida, que pode ser lida abaixo.

“Queridos amigos,
Encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer.
Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem.
Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi.
Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia.
Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo.
Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível situação.
A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas – senão a coisa – mais importante da minha vida. Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los.
Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo.
Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade.
Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!”.

Em 2025, a Companhia das Letras deve publicar uma última coletânea de ensaios inéditos, intitulada “O eterno agora”.

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