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Caetano Veloso canta sobre a alegria de viver em último show do “Transa”

Na contagem de 34 dias pro fim de um ano, Caetano Veloso cantou sobre alegria. Se naquele 1972, o exilado sonhava em um Brasil que visitou um ano antes, com a ajuda da irmã Maria Bethânia para celebrar a união dos pais, nesta segunda-feira (27), ele reluz uma celebração.

São Paulo fecha a sequência de cinco shows especialmente dedicados ao disco “Transa“, depois de três passagens pelo Rio (entre agosto e novembro) e duas noites na capital paulista, no Espaço Unimed.

A voz inconfundível alcança os acordes, que misturam o rock britânico feito naquela década, o reggae, que nem atravessado o oceano tinha ainda, sem deixar de lado o gingado tropical que encabeçou.

Ele canta sobre a alegria de dividir o palco com Jards Macalé, Angela Ro Ro, Tutty Moreno, Aureo de Souza (que, ao lado de Moacyr Albuquerque, já morto, inventaram a sonoridade do aclamado projeto). O disco completou 50 anos no meio do caos dos últimos anos.

(Foto: Leo Franco/Ag News)

A ditadura militar podia impedir a existência física dele por aqui, mas não barrou a força de misturar letras em inglês e português com um sotaque que mostra as raízes de um homem de 81 anos que canta sobre Brasil e foi obrigado a morar fora, como disse naquela Roda Viva, em 2021, na ocasião do mais recente “Meu Coco” — que segue na estrada com datas marcadas no Brasil e nos Estados Unidos até março do ano que vem.

Veloso, canta, hoje, sobre a alegria de estar vivo em “Nine Out Of Ten” (sintetizada no autêntico ‘bora, Macau’ que carrega uma geração que, assim como este repórter, descobriu o álbum trancado em casa) e em ter fé para não morrer tão cedo, de “Araçá Azul”, no que ele chama de pós-Transa.

O repertório do show de quase duas horas passeia pelo o que o artista diz ser o pré, o durante e o pós, com relampejos solos dos convidados como a certeira e potente foz de Angela Ro Ro e seu “Escândalo” e o dedilhar firme de Macalé.

Mas o pós-Transa é aqui. É na segunda-feira chuvosa, com a casa lotada. É no dilúvio na Marina da Glória, na maravilha doce do Rio de Janeiro. É na força de um disco atemporal, que se faz moderno e fala de mim, de nós. De um sonho de Brasil que, independentemente do tempo, partido ou lampejo golpista, buscará morar no sorriso e ser feliz.

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