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(Foto: Agnews)
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Gilberto Gil fala sobre doença de Preta, relações com homens, maconha e Rita Lee

Gilberto Gil está prestes a completar 81 anos, a entrar na turnê “Nós, A Gente” com a família e a estrear a segunda temporada da série documental “Viajando com os Gil”. Foi sobre esses e outros assuntos que o ícone da MPB conversou com a Veja.

Na entrevista, publicada nesta sexta-feira (02), ele falou sobre a idade e a maratona de shows marcados com os filhos e netos. “A idade pesa, sim, especialmente no palco. A mobilidade e o fluxo energético são diferentes dos 20, 40 anos. Cantar ao lado da família ajuda, ela traz uma leveza”, refletiu Gil.

O cantor, compositor e multi-instrumentista baiano confirmou a ausência de uma das filhas, Preta Gil, que trata um câncer no intestino. Para ele, é “uma aflição ver uma menina, uma filha que nem tem 50 anos, sofrendo de uma doença apavorante”.

“Falo com a Preta o tempo todo, com os médicos, e leio a respeito. Ela vive cercada pela família e estamos reunindo forças e propósitos para lhe dar o melhor tratamento, renovar sua disposição e sua positividade espiritual”, contou.

O patriarca entrou em outros assuntos pessoais e confirmou que já teve relações com homens, apesar de nunca ter sido tão atraído pelos homens “como tem sido pelas mulheres”. “Nunca tive tesão num homem, como se diz. No entanto, por razões de delicadeza natural, educação, finura do trato, já tive proximidade com a sexualidade de outro, de outros”, explicou.

“Essas questões de amor, amizade, respeito foram possíveis em momentos em que a sexualidade era uma coisa mais vibrante em mim. Como disse, houve épocas em que ela se aproximou de outros, mas nunca na mesma forma como de outras”.

Gil ainda negou a possibilidade de ter um casamento aberto com Flora Gil: “Flora e eu somos abertos ao mundo, mas nunca especulamos nada na direção do sexo livre. Nosso convívio tem uma enorme benignidade. Há uma delicadeza no trato e, para todo mal que surge, a Flora é o próprio remédio”.

Maconha foi outro tópico do bate-papo. “Eventualmente posso dar um tapa. Usei de 1967 até 2010, mas deixei porque passou a me dar uma leve taquicardia. Antes, gostava de fumar para tocar, cantar, compor. Costumo dizer que dois tipos de música não teriam surgido sem a maconha, bossa nova e reggae”.

Sobre drogas ilícitas, o artista contou que “durante o exílio em Londres, no pós-tropicalismo, tomei ácidos. Experimentei tudo que uma viagem lisérgica propicia — o surreal, o surrealismo e o cubismo. Esses experimentos me interessavam na época e se refletiam na atitude musical”.

“Também era um elemento que ajudava na adaptação à vida fora e à atmosfera londrina. Caetano sempre foi “Caretano”, nunca se interessou por essas viagens. Já Rita Lee era parecida comigo, apreciava essas experiências”, acrescentou.

Por fim, Gil comentou a finitude da vida e lamentou a perda das amigas Rita e Gal Costa. “A minha vida é um trançado, um crochê com as de Gal e Rita. Nascemos no mesmo tempo na Terra e juntamos os instrumentos que Deus nos deu. Elas se foram, eu fico até sei lá quando”.

“Não me vejo para sempre em grandes espetáculos, mas vou estar no palco eventualmente. Tenho quatro ou cinco músicas inéditas, apenas tocadas, sem letra ainda. Quero estar em conformidade, uma expressão de que gosto — vivendo conforme a idade”, concluiu.

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