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Foto: Divulgação
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“MEU NOME É GAL!”: 10 vídeos incríveis para lembrar a força da voz ao vivo da musa da Tropicália

A música popular brasileira sempre está pronta para se colocar em lugar de destaque no mapa das artes. Hoje, são muitas as jovens vozes que brilham, nacional e internacionalmente, honrando o legado deixado por grandes ícones como Gal Costa.

A musa da Tropicália, que era discípula de João Gilberto e nos deixou de maneira repentina em novembro de 2022, buscou em diversos momentos se renovar dentro e fora dos palcos.

Do LP “Recanto” (2011), que renovou seu cristalino repertório, até a turnê “As Várias Pontas de Uma Estrela”, interrompida abruptamente, Gal tratou de manter uma comunicação ímpar com as gerações mais recentes, que nem sonhavam em nascer quando ela já era uma popstar.

Não há como negar: há figuras insubstituíveis e, tendo sido ela a autora de uma carreira tão prolífica, seria praticamente impossível ter experienciado todos os seus grandes acontecimentos.

Para matar a saudade, o Papelpop te convida a revisitar 10 apresentações em que a artista nos impressionou com seu canto, revelando as muitas faces daquela que foi a maior cantora do Brasil.

“Volta” (1973)

A televisão em cores chegou ao Brasil em 1972, mas boa parte das produções manteria o padrão preto e branco ao longo do ano seguinte. Essa escolha mais técnica do que estética deu todo um charme a uma apresentação que Gal fez em 1973.

Ela canta “Volta”, um clássico do repertório de Lupicínio Rodrigues, considerado um dos maiores compositores brasileiros. A interpretação revela uma artista em seu máximo estado de vulnerabilidade – algo que ela soube despertar como ninguém tanto em si mesma, quanto no outro.

“Meu Nome é Gal” (1981)

Mesmo antes de sua morte, já circulava por aí um vídeo em que a artista cantava “Meu Nome é Gal” na companhia do guitarrista Victor Biglione. Nas cenas, captadas para um especial de TV no Teatro Fênix, no Rio de Janeiro, ela basicamente “duela” com o som do instrumento enquanto tenta alcançar com a própria voz as mesmas notas tiradas dali.

O vídeo é um clássico por N motivos: a composição é da dupla Erasmo e Roberto Carlos, o espetáculo escancara sua beleza e naturalidade em cena, mas o domínio da técnica abala as estruturas de qualquer intérprete. Aqui, ela eternizou seu nome nos anais da cultura.

“Força Estranha” (1981)

O ano de 1981 talvez tenha sido um dos mais especiais quando se pensa a performance vocal de Gal. Sua parceria com Caetano Veloso, que certamente não é deste mundo, contribuiu e muito para que afirmações como essa fossem feitas. No especial “Maria da Graça Costa Penna Burgos”, exibido pela TV Globo no fim de 1981, ela interpretou a faixa “Força Estranha” acompanhada apenas pelo singelo dedilhar de um violão.

Sob a luz neutra do estúdio, a apresentação dedica seu foco total ao controle dessa voz tamanha que seguiu impressionando até seus últimos dias. Para Gal, tanto fazia estar acompanhada por produções rebuscadas. “A coisa mais certa de todas as coisas” era que ao fim a emoção seria despertada nos fãs e amigos presentes.

“Amor Até o Fim” (1981)

Meses antes da morte de Elis Regina, ela e Gal Costa se uniram em mais um especial. Em seu “Roda Viva”, que foi ao ar em 1995, Gal relembrou como fez o convite para a amiga, que estava em Nova York. O clima nos bastidores era de tensão já que a maioria conhecia o temperamento da “pimentinha” e apostava em uma resposta negativa. Deu tudo certo!

Em cena, as maiores intérpretes da história do Brasil montaram uma apresentação que incluiu, entre outras faixas, “Amor Até o Fim”, composição de Gilberto Gil. É divertido observá-las neste raro encontro já que ambas parecem debochar de nós, meros mortais, ao brincar com as respectivas vozes em meio a uma dança improvisada. São dois seres imbatíveis nos mostrando a beleza do Brasil.

“Eternamente” (1983)

Embora não seja lembrado como um de seus discos mais icônicos, “Baby Gal” (1983) rendeu um lindo especial de TV exibido no horário nobre. Sim, esse formato era absolutamente comum nos idos anos 1980.

A sensação de assistir Gal cantando “Eternamente” nesse show, usando um conjunto de saia e blazer bastante tradicionais daquele momento e embalada pelo piano, é extasiante. A interpretação da faixa começa mansa, intimista, até que cresce em direção a um encerramento apoteótico.

“Nada Mais (Lately)” (1985)

Em sua segunda apresentação no festival suíço de Montreux, Gal Costa divulgava o LP “Profana” (1984), um de seus trabalhos mais disformes e comerciais. Por outro lado, entre as faixas que marcaram essa época está um clássico: “Nada Mais (Lately)”, adaptação/regravação feita a partir do repertório de Stevie Wonder.

Neste trecho do show exibido na TV japonesa, é possível vê-la em seu apogeu e em plena comunhão com os pianos de acompanhamento. Não dá pra disfarçar: ter visto Gal interpretando essa canção de amor deixou e sempre deixará o coração apertado.

“Brasil” (1994)

Quando estreou, em 1994, o show “O Sorriso do Gato de Alice”, dirigido pelo dramaturgo Gerald Thomas, causou o maior rebuliço. Em especial pelo fato de que durante a performance da faixa “Brasil”, composição de Cazuza e Frejat, Gal se permitia expressar toda a liberdade de ser e ousar ao deixar os seios à mostra.

A caretice se escandalizou ao ver uma mulher de 50 anos sendo, mais uma vez, protagonista da própria história ao abraçar o próprio corpo. Mais do que exaltar sua coragem naquele instante, é preciso destacar como Gal, mesmo passeando pelo palco de um lado para o outro, manteve a respiração no lugar. Impecável.

“Vapor Barato” (1996)

Você deve se lembrar da apresentação que citamos no início deste texto, gravada na década de 1970, em que Gal toca violão. A artista passou um longo tempo sem dar atenção ao instrumento, mas decidiu retomá-lo em momentos esporádicos.

Um desses aconteceu no show “A Luz de Tieta”, que percorreu o país em 1996. Neste registro, ela toca “Vapor Barato”, intensa letra de Jards Macalé e Waly Salomão. O olhar de Gal, aliado à emoção que emprega no seu canto, é fa-tal.

“Autotune Autoerótico” (2011)

Nesta ousada e irônica composição de Caetano Veloso, que deu à amiga Gal a ideia de renovar seu repertório com o disco “Recanto” (2011), ela se rende a uma examinação dos limites impostos pelo autotune.

A ferramenta, como já se sabe, serve para equilibrar os deslizes da voz — algo que a musa da Tropicália nunca precisou. Entretanto, ela se dispõe a entrelaçar os meandros de graves e agudos em uma narrativa que se entrelaça à plenitude das sensações. Nada óbvia e, cá entre nós, com uma aura de lado B que é necessária a qualquer artista.

“Não Identificado” (2018)

É indiscutível: nada pode substituir o encantamento provocado pela gravação original de “Não Identificado” (1969). Mas Gal conseguiu atravessar as décadas cantando com propriedade, sempre a partir de perspectivas que mantinham a potência de seu repertório.

A maturidade da própria voz tornou a apresentação da faixa no show “Estratosférica” (2018) ainda mais admirável, como um sintoma do tempo que, ao correr desvairadamente, só fez valorizá-la aos nossos olhos.

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