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(HBO Max / Divulgação)
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televisão

Toni Collette comenta experiência de viver Kathleen Peterson em “A Escada”: “Havia certa liberdade em interpretá-la”

Você deve conhecer a história dos Peterson. Nos anos 2000, o patriarca da família, um romancista norte-americano chamado Michael, foi condenado pelo assassinato de sua própria esposa, Kathleen. O caso, que consistia em um acidente na escada da casa do casal antes de se transformar em uma investigação de homicídio, chocou os Estados Unidos e o mundo.

A repercussão na mídia foi tão grande que a tragédia da família Peterson foi minuciosamente retratada na série documental “The Staircase”, lançada pela Netflix em 2018. Mas se você não acompanhou nessas épocas ou sequer ouvir falar da história, pode se inteirar agora: a HBO Max disponibilizou nesta quinta-feira (05) os três primeiros episódios de “A Escada”.

Na nova minissérie, sob a direção de Antonio Campos (“O Diabo de Cada Dia”), Colin Firth (“Orgulho e Preconceito”) e Toni Collette (“Hereditário”) dão vida a Michael e Kathleen Peterson. Desta vez, a realidade da misteriosa morte e do longo processo judicial que a segue encontra a ficção nas telinhas.

Em entrevista concedida ao Papelpop, Collette conta alguns detalhes do novo true crime da HBO Max. A atriz vencedora do Emmy revela o que a fez embarcar nesse projeto e fala de sua experiência como intérprete da falecida Kathleen Peterson.

O que mais te atraiu em “A Escada” e te convenceu a entrar para o elenco?
Era claramente um projeto fantástico. O roteiro era maravilhoso. Antonio Campos é incrivelmente talentoso. Colin Firth já estava envolvido. Eu tinha ouvido falar do documentário, apesar de ainda não ter visto. Minha única preocupação era que Michael Peterson é um pouco narcisista e eu não queria incendiar sua chama. No documentário, é tudo muito sobre ele e sobre o que ele está passando, e Kathleen é menosprezada. Acho que a oportunidade de descobrir um pouco mais sobre quem ela era antes de morrer foi muito importante para entendermos o equilíbrio do relacionamento deles e da vida dela, que acabou tragicamente. Não que tenhamos todas as informações, mas não importa o que aconteceu, ainda é trágico. Ela era jovem e vibrante, era uma força da natureza. Ela era uma matriarca incrível, uma líder maravilhosa e solidária no trabalho. Ela teve uma grande vida e, de repente, acabou. Se foi um acidente, é um lembrete muito saudável de quão frágil é a vida. Se não foi um acidente, é simplesmente terrível.

Parece que você teve o trabalho mais difícil de todos, interpretando a Kathleen…
Não, discordo. Havia uma certa liberdade em interpretá-la. Obviamente havia uma responsabilidade, mas havia liberdade porque ela não estava mais presente. Havia muitos vídeos e informações. E os roteiros eram muito bem informados, porque Antonio era apaixonadíssimo há anos. Ele está no documentário, o que é uma loucura! Eu tinha muito com o que trabalhar, então foi muito fácil. Estar entre o Antonio e o Colin foi um prazer total. Apesar da tragédia, foi uma experiência positiva para mim. Tudo isso fez com que fosse um trabalho muito brilhante.

Qual foi o detalhe mais importante para você ao assumir esse papel?
O que eu amo na minissérie é que não é apenas sobre a morte dela, é sobre o fim de um casamento. Existiam certas mentiras. Não sabemos quais informações Kathleen tinha ou não tinha, do que ela estava ou não estava ciente, mas o desequilíbrio no relacionamento deles era uma loucura. Ela se doou tanto, trabalhou muito duro. Ela era a âncora emocional de todas aquelas crianças, estava conectada a todos no trabalho e realmente se importava. Ela teve uma vida grandiosa e apaixonada, e Michael escreveu alguns livros medíocres. Não fez muito mais que isso. Ele realmente andava sem rumo. Ele não estava presente para as crianças do jeito que ela estava. Eu não acho que ele era tão emocionalmente conectado quanto ela. Ela definitivamente era a abelha operária. [A morte] pode muito bem ter sido um acidente porque ela estava muito exausta e estressada. Mesmo que ela estivesse ciente da bissexualidade de Michael, não sei se ela estava totalmente ciente do que ele estava fazendo fora do relacionamento deles. Havia tanta coisa que não era possível que ela se sentisse bem. Ser capaz de trazer todas essas coisas para a realidade compartilhada deles, para lançar um pouco mais de luz, é revelador em termos do que realmente poderia ter acontecido, porque não era tudo rosas entre eles. Foi difícil e ela estava se sentindo descontente e desencantada.

A minissérie mostra três diferentes cenários de como Kathleen poderia ter morrido. Como foi essa experiência para você, durante as filmagens?
É engraçado porque morrer uma vez em uma história já é muito. Eu fiquei, tipo: “Eu morro três vezes nesta!”. Foi meio estranho se acostumar com a ideia, mas, como em qualquer outra cena, você apenas entra nela e tenta trazer uma certa quantidade de veracidade. Para ser honesta, havia muita pressão porque só podíamos fazer um take. Devido ao sangue [falso] e ao equipamento que tínhamos, não era como se pudéssemos gravar tudo de novo e de novo. Nós ensaiamos e ensaiamos, então nos preparamos. Eles me equiparam com o sangue e havia uma coreografia envolvida por causa de onde os respingos e marcas estavam na parede. Filmamos algumas dessas cenas às 4h ou 5h da manhã, apenas por causa do cronograma. Mas essas coisas sempre acontecem como deveriam. Acho que à medida que envelheço, percebo que minha mente não consegue decifrar se algo é real ou não. Então, se eu realmente estou sentindo alguma coisa e estou me submetendo a isso, eu passo a cuidar melhor de mim. Eu gostaria de ter começado a fazer isso antes, mas agora sei como fazer [risos].

O true crime, como chamamos as produções baseadas em crimes reais, está um tanto “saturado” atualmente. Há uma gama de filmes, séries, livros e até podcasts do gênero. O que diferencia “A Escada” dos outros?
Eu não sou atraída pelo gênero de forma alguma. Não é algo em que eu esteja interessada. Mas acho que Antonio e Maggie [Cohn] criaram algo muito honesto e bonito sobre uma família, algo que trata de amor, algo que é complicado e pé no chão. Essa sensação de estar em casa… essa vibe doméstica e um pouco estranha é tão real que você não pode deixar de ser atraído por ela. É uma palavra engraçada de se usar, mas há um sentimento de segurança em relação a isso, e é por isso que acho tão trágico. A família se sente bem unida. Isso foi muito importante para Antonio. Ele nos levava para sua casa quase todo fim de semana. Nós realmente passamos muito tempo juntos e acho que você sente isso na câmera. Não foi nada forçado. Às vezes, quando você trabalha em algo e está tentando reunir todo mundo, é, tipo, “deixa pra lá”, mas aconteceu de forma tão orgânica que foi um prazer total. Todos queriam o melhor para a série. Acho que começa com as pessoas, e Antonio criou a atmosfera mais incrível para todos. Não eram apenas atores em sua casa, era toda a equipe. Foi simplesmente uma experiência muito especial.

Com “A Escada” enfim lançada, quais são as suas expectativas em relação à recepção do público?
Eu assisti aos primeiros episódios com alguns amigos e, no final, nenhum de nós conseguia parar de pensar sobre. Ficamos só olhando um para o outro, tipo: “Você acredita nisso?”. Eu não quero soar como uma atriz se vangloriando, mas isso é bom demais. Isso é especial. Não consigo identificar exatamente o porquê, mas às vezes as coisas simplesmente tomam sua energia. A coisa com um documentário é que você imagina que está recebendo algo real, mas Antonio criou algo realista em uma versão que é parcialmente ficção. Isso é incrível.

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