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(Igor Alarcon / Divulgação)
(Igor Alarcon / Divulgação)
música

Entrevista: OutroEu e Clarissa mergulham em memórias no clipe de “Delírio”

OutroEu e Clarissa se conheceram há cerca de três ou quatro anos – tanto tempo atrás que mal se recordam mais. O que eles realmente se lembram de seu primeiro encontro é a presença de Anavitória, a realização de um sarau e – o mais importante – o surgimento de uma vontade de trabalharem juntos.

Em janeiro de 2022, isso aconteceu. Mike Tulio, Guto Oliveira e Clarissa finalmente formaram uma parceria musical: combinaram suas vozes com uma sonoridade carregada de elementos pop e, então, geraram a apaixonada “Delírio” para o mundo.

“Ficamos bastante tempo juntos: participamos do show dela, gravamos a voz, voltamos para casa, fizemos uma live no TikTok, gravamos o clipe. O processo todo foi intenso e bem maneiro”, conta Guto em entrevista ao Papelpop.

O resultado chegou nesta quinta-feira (10), traduzindo em imagens de romance e de solidão a composição. Gravado em backwards, de trás para frente, o clipe fez os três artistas mergulharem nas memórias diante da falta da pessoa amada.

A proposta inicialmente preocupou o duo OutroEu. “Eu confesso que dei uma surtada, de leve, com o roteiro. Falei: ‘não sei se é bom ou não’. Os diretores me ligaram, ficaram uma hora no telefone para me acalmar. Acabei achando que seria massa e, no final, realmente foi. Ficou super lúdico”, revela Mike.

“Os elementos metafóricos, a caixa e a casa, são muito legais para as pessoas deixarem a imaginação fluir e interpretarem de acordo com o que elas sentem. Elas mesmas, às vezes, colocam as próprias experiências para entender o clipe. Acho que essa é a parte mais legal de lançar um vídeo”, reflete Clarissa.

A letra possibilita a conexão de vivências, já que pauta a falta. Composta por Mike, Guto e Clarissa em colaboração com Bibi, a canção reúne esse sentimento universal com especificidades da rotina diária para todo ouvinte se identificar.

“É muito simples dizer: ‘eu não consigo mais cozinhar nem ver TV’. Mas é muito específico também porque é uma coisa do dia a dia que te dá vontade de xingar o mundo inteiro. Tipo, ‘caraca, essa pessoa não sai da minha cabeça, ela não sai da minha rotina, ela continua dentro de mim’”, avalia Clarissa.

Mas, para a cantora e compositora carioca, “Delírio” não é tão melancólica quanto pode parecer. “Tem um tom raivoso, de reclamação. É um ‘isso está chato já, eu não consigo mais fazer nada’. Inclusive, acho esse ângulo bem legal”.

Essa emoção é comum aos três parceiros, que, aos poucos, aprendem como lidar. “Além de fazer música e ir para a terapia”, começa Mike, entre risos, “acho que dar uma afastada é sempre importante. Se estou sentindo uma coisa que me tira do eixo, eu tendo a dar uma sumida e ficar na minha. Vou com calma para entender a parada, ainda mais quando é um término”.

Clarissa crê que é possível continuar a ver alguém em um lugar, em uma ação ou em uma música, mas logo isso se transforma. Ao invés de lembrar do que passou com tristeza, melancolia ou até mesmo com rancor, a pessoa consegue passar a lembrar com carinho ou, a depender da situação, simples indiferença.

“Existe essa transformação. Aquela memória continua ali porque a gente não consegue apagar algo que aconteceu, mas o sentimento vira outro. Acho que a gente tem que passar por esse tipo de luto para conseguir transformar isso de forma saudável, o mais rápido possível”, afirma a artista.

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