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Todos os episódios já estão disponíveis (Foto: Bruno Poletti/Spotify)
(Foto: Bruno Poletti/Spotify)
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Conversamos com Mel Lisboa e Seu Jorge sobre “Paciente 63”, nova série em áudio do Spotify

Em formato de podcast, o Spotify acaba de lançar a série original “Paciente 63”. Protagonizada por Mel Lisboa e Seu Jorge, ela acompanha sessões da psiquiatra Elisa Amaral com um homem que dizer ser viajante do tempo. Juntos, os dois personagens podem ter nas mãos o futuro da humanidade.

A história mistura psicologia e ficção científica de forma envolvente, deixando o ouvinte curioso para saber mais sobre o misterioso paciente a cada episódio. Tudo se passa em 2022, o que possibilita a inserção de várias referências ao que estamos vivendo e torna a narrativa um tanto angustiante, já que fala de um futuro destruído por pandemias.

O Papelpop teve a chance de conversar com os atores, que nos explicaram as principais diferenças entre dublagem e atuação para podcast. Na entrevista, também falamos sobre os bastidores das gravações e o futuro promissor do formato. “Isso veio para ficar e só tende a melhorar”, declarou Mel com confiança.

Confira!

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Papelpop: Vou bancar a doutora Elisa e encher vocês de perguntas! O que acham que caracteriza a atuação voltada para podcast ficcional? Tem diferença em comparação ao que é usado para dublagem?

Seu Jorge: É totalmente diferente de dublagem. Na dublagem, o personagem está estabelecido. É lógico que tem que atuar, mas em podcast ficcional você tem que construir o personagem e só tem a voz para fazer isso. Na dublagem, você vê o gesto do personagem que está dublando. No podcast ficcional, não. Está tudo na minha cabeça. A cabeça de cada um imagina uma coisa. Tem o ouvinte, o cara que escreveu… Cada um imagina um ambiente, um cara. Como primeira experiência, foi bem diferente para mim.

De que forma seus projetos anteriores colaboraram nesse processo de construção do personagem só por áudio?

Mel Lisboa: Eu tive algumas experiências de trabalhar apenas com áudio. Assim como o Jorge falou, há uma diferença da dublagem. Está mais parecido com a voz original que é feita para animação quando você cria a voz da personagem e depois os animadores animam o bonequinho em cima daquilo. Neste caso, não vai ter um bonequinho para te ajudar com a expressão, o corpo ou a imagem para contar a história. Aqui fica realmente só com a voz, mas ela é uma voz também original no sentido de ser criada para um personagem a partir de um texto. Eu já tinha feito alguns outros trabalhos que me fizeram perceber o tamanho do desafio. Eles não fizeram com que eu achasse que esse desafio seria menor. Muito pelo contrário. Esse podcast especificamente é super desafiador. É uma audio série muito complexa de se fazer. É um processo bastante técnico.

Por curiosidade, vocês se encontraram pessoalmente para ensaios e gravações? Como foi isso?

Seu Jorge: Nós fizemos muitas leituras e gravamos no mesmo estúdio só que em salas separadas por todos os cuidados que a gente devia tomar. Os recursos também eram bem diferentes de algo para um filme ou uma série propriamente dita. Tem muito menos gente em cena. Tem o elenco, o diretor, o engenheiro técnico (que grava as vozes) e era a mesma pessoa que cuidava da microfonação. Nós fizemos esse trabalho cada um na sua sala, mas também tendo contato por vídeo — o que nos aproximava de alguma forma. Eu tenho a impressão de que, se tivéssemos tido a oportunidade de estar na mesma sala, nosso rendimento seria outro e poderíamos ter descoberto outras coisas. É somente uma impressão, porque é a minha primeira vez em um projeto assim. Foi algo muito interessante de fazer. Eu torço para ter outras oportunidades, porque essas áudio séries têm grande potencial de cair no gosto do público e trazer um imaginário diferente por meio de histórias para as pessoas .

É interessante como podcast é um dos poucos formatos que conseguem ser produzidos de maneira remota sem grandes limitações ou adaptações. Vocês acham que, por isso, ele pode ganhar ainda mais espaço no chamado novo normal? 

Mel Lisboa: Eu acho que já vinha ganhando espaço antes da pandemia. Durante a pandemia, houve um aumento exponencial na produção e no consumo dos podcast. Agora a gente vai vendo que há a infinitas possibilidades. Você pode fazer podcast de tudo o que imaginar. De repente, você tem o podcast de ficção, que se assemelha às radionovelas de antigamente, porém com todo o aparato técnico que torna a experiência do ouvinte mais intensa, envolvente e não tenha as dificuldades técnicas que haviam naquela época. Aquilo faz com que você consiga embarcar na história de forma mais profunda e tenha esse poder imaginativo. Ouvindo no fone, os passos andam na sua cabeça e os passarinhos voam. É uma coisa espetacular! E você imagina tudo isso, né? Cada um imagina uma cena, um hospital e faz a própria história. O ouvinte é ativo. Há também uma mudança de consumo por conta da vida muito corrida que todo mundo tem. Às vezes, você não tem muito tempo para parar e assistir a uma coisa. Então, o consumo dos podcasts pode ser feito no trajeto, durante um trabalho doméstico ou enquanto estiver fazendo outra coisa. Eu adoro! Até como consumidora de podcast, eu tenho a impressão de que isso veio para ficar e só tende a melhorar, na verdade.

Então, qual série, filme ou novela vocês gostariam de conferir nesse formato?

Seu Jorge: Eu acho que o podcast em si vem também de um outro hábito, dos audiolivros e das pessoas também terem esse lugar de imaginação por da meio da literatura. É algo que a Mel sempre coloca. A literatura tem muito disso. Ela faz com que você crie e imagine o ambiente da história que está lendo. Esses áudios também. Então, eu acho que ficaria mais curioso para ver novas produções e histórias escritas por roteiristas pensando essencialmente nesse formato, porque nós não estaríamos só revivendo uma prática que era apresentada ao vivo lá no tempo das radionovelas. Hoje, com as tecnologias e os recursos eletrônicos, temos condições de gravar, pós-produzir, mixar, masterizar e inclusive trazer outro tipo de ambientação no plano do áudio para torná-lo mais imersivo, em que você consegue perceber os diversos sons em todos os lugares da sua cabeça. Criando em cima disso, da imersão que o áudio hoje pode proporcionar, esse formato pode ir muito longe.

 

Ouça “Paciente 63” gratuitamente no Spotify:

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