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Dorian e César são os integrantes (Divulgação/Foto: Alexy Montuelle)
(Divulgação/Foto: Alexy Montuelle)
música

Falamos com o duo parisiense Ofenbach sobre novo single, pseudônimos e Daft Punk

Já acumulando mais de 100 milhões de streams, o single “Wasted Love” foi lançado pelo Ofenbach em janeiro, dando início aos trabalhos de 2021. Mais recentemente, uma versão acústica da faixa desembarcou nas plataformas digitais, deixando claro que ela tem muito mais do que boas batidas.

Para saber mais sobre o lançamento, tivemos a chance de conversar com os integrantes, os amigos de infância Dorian e César. Despreocupados e com boas doses de humor, eles ainda falaram sobre pseudônimos, música brasileira, identidade sonora, Daft Punk e o desejo de colaborar com a galera do rock.

Confira a nova versão de “Wasted Love” antes de ler a entrevista:

***

Papelpop: Parabéns pelo sucesso de “Wasted Love”! Vocês lançaram recentemente uma versão acústica da música. Por que quiseram compartilhar esse outro lado do single com o público? 

Dorian: Decidimos fazer uma versão acústica para mostrar que somos músicos antes sermos DJs, além de ser importante este tipo de versão para mostrar às pessoas que a música é boa sem nenhuma produção e a melodia é suficiente.

Eu vi fãs discutindo a teoria de que Lagique é um de vocês… Como cada artista usa pseudônimos por uma razão, gostaria de saber como vocês acham que eles podem se encaixar no trabalho do Ofenbach.

César: Lagique não é um de nós!

Não?!

César: É um cantor chamado Harris, na verdade. Ele tem o próprio projeto com o nome Harris, que é mais pop e melódico. Ele decidiu ter outro nome para a música eletrônica.

Dorian: Mas, se você quiser, podemos ser Lagique [risos]!

César: Podemos [risos]! [Um pseudônimo] pode ser interessante quando você realmente faz algo diferente em outro projeto. Por exemplo, se amanhã Dorian quiser fazer rap e eu reggaeton, talvez escolhêssemos nomes mais adequado para o projeto. “Ofenbach” soa bem para um algo de eletrônica ou rock. Se fosse um projeto de reggaeton ou rap, seria um nome ruim. Acho que o nome define o que você vai fazer. O nome de uma banda começando com “the” como The Rolling Stones é uma banda de rock, não vai ser outra coisa, sabe?

Vocês costumam dizer que gostam de colaborar com artistas com vozes marcantes. Conseguem pensar em alguém que está fazendo bastante sucesso e tem uma voz assim? 

Dorian: Existem muitas vozes memoráveis com as quais gostaríamos de trabalhar. Só que, quando colaboramos com alguém, a pessoa tem que se encaixar na faixa, mesmo que seja um grande artista. Se a voz dele não se encaixar com uma das nossas canções, nós não faremos a parceria. Vamos esperar porque vai ser o melhor para a música. Para nós, pode ser interessante colaborar com cantores como Steven Tyler ou Mick Jagger, sabe? Seria interessante colaborar com cantores de rock porque isso nunca foi feito antes na cena eletrônica ou grandes bandas como o U2, que já fez uma música com Martin Garrix. The Chainsmokers também fizeram uma faixa com Coldplay. Nós adoraríamos colaborar com grandes bandas ou artistas de rock como esses.

Por falar em coisas que gostam, queria saber a visão de vocês da música eletrônica brasileira. Temos Alok, Vintage Culture, Bruno Martini e vários outros. Conhecem o som deles? 

César: Claro! Nós os acompanhamos há alguns anos. A cena eletrônica se tornou completamente insana no Brasil. É grandiosa. Alok nos inspira muito por ser um dos pioneiros no estilo slap house e realmente amamos Vintage Culture, porque tem essa ideia de misturar eletrônica com elementos de rock como costumamos fazer. Brasil e França estão muito distantes, mas nos sentimos muito próximos da cena eletrônica brasileira. Pensamos bastante em colaborar com artistas brasileiros. Você vai ver isso muito em breve!

Mal posso esperar [risos]! Mudando um pouco de assunto… sempre dá para ver vocês comemorando no Instagram quando alguma faixas conquistas altos números de streams nas plataformas digitais. Qual a importância de ficar de olhos nessas coisas? 

Dorian: Ficamos de olho nessas coisas por um motivo bem simples: se há muitos streams, significa que o público gostou da faixa. Para nós, é muito importante ter essa conexão com os fãs ou até as pessoas que estão ouvindo a música e não sabem quem somos. Há uma conexão entre nós e os números. Toda vez nos impressionamos quando vemos 100 milhões de streams no Spotify ou que nosso catálogo tem mais de 1 bilhão de streams. É surreal que todas essas pessoas de diferentes lugares do mundo estão ouvindo nossa música. Por essa razão, nós comemoramos muito isso.

Pelas publicações que fazem na internet, parece que vocês se dão super bem. Soube que se conheceram na infância. De que forma isso afeta a dinâmica de trabalho do Ofenbach?

César: Isso torna as coisas mais fáceis porque temos visões diferentes às vezes, mas conversamos bastante para tentarmos ser os melhores. Mesmo quando éramos mais jovens e estávamos conhecendo outras pessoas da indústria musical para trabalho, era mais fácil ser forte para saber como lidar com os outros por sermos uma dupla. É mais fácil para tudo! Além disso, você pode compartilhar a sua experiência com alguém que está passando pela mesma coisa. É legal. Para mim, funciona como dois amigos/irmãos fazendo algo incrível. Somos inspirados por bandas de rock. Queremos seguir o caminho de grandes bandas de rock.

Eu gosto que o som de vocês está sempre mudando, evoluindo. Qual é o segredo para continuar melhorando sem perder a identidade sonora que os fãs tanto amam? 

César: Hm… Acho que você não consegue controlar isso. Por exemplo, “Wasted Love” e “Head Shoulders Knees & Toes” são músicas diferentes nas sonoridades. “Head Shoulders Knees & Toes” ainda é muito diferente de “Be Mine” ou “Katchi”, que são nossos primeiros grandes singles. Acho que nossa identidade é a forma como fazemos música e pensamos em melodias. É algo que você não pode pensar. Acontece naturalmente por termos nossa sensibilidade, que pode ser usada para a estrutura, o som, a melodia ou a forma como os cantores articulam a voz. Todos esses pequenos detalhes da nossa sensibilidade aparecem quando estamos no comando da música. Não é como uma estratégia. Se amanhã fizermos um reggaeton muito bom, vamos lançá-lo! Só que, até hoje, não fizemos nenhum reggaeton muito bom… Quem sabe um dia?

Dorian: Talvez um dia, mas há chances muito pequenas [risos].

César: Sim, porque somos ruins nisso. Existem alguns artistas que são 100 vezes melhores. Na música eletrônica, há DJs que sabem fazer isso.

Vocês sempre citam a dupla Daft Punk como referência. Fiquei curiosa para saber qual foi a reação de vocês quando eles anunciaram a separação…

Dorian: Estamos muito felizes porque vamos roubar o lugar deles agora [risos]. Brincadeira! Ficamos tristes, mas não muito porque o Daft Punk sempre foi muito estratégico na forma de compartilhar as próprias músicas. Eles foram muito únicos na cena musical. Não os víamos há um bom tempo. O último álbum foi “Random Access Memories”, de 2013. Não foi um choque [saber que a dupla estava chegando ao fim], porque não era um artista que estava fazendo várias coisas todos os dias e compartilhando com as pessoas até que decidiu parar um dia por sei lá qual razão.

César: É! Imagina o Ed Sheeran dizer: “Ok! Eu vou parar de fazer música. Não farei isso nunca mais”. Isso seria um choque.

Dorian: Sim, seria estranho. Só que, ouvir isso do Daft Punk, está tudo bem e é natural. Eles fizeram “One More Time” e todo o álbum “Random Access Memories” é incrível. Eles fizeram faixas realmente muito boas. Eles influenciaram nós, todas as cenas musicais e vão continuar influenciando as gerações que vierem porque o trabalho que fizeram é muito poderoso. Então, está tudo bem deixarem o trabalho assim.

Para fechar, como são super ligados em cinema, me diz para qual filme vocês gostariam de ter feito uma música!

Dorian: Uau! Muitos filmes. Eu escolheria “Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem”, do Tim Burton, porque é realmente um dos meus favoritos. Quando vi esse filme pela primeira vez, quis assistir a ele várias vezes depois. Gosto de todo o conceito ao redor do projeto, de ser divertido e irônico. Amo a forma como os cenários são construídos. Não há truque ou imagens falsas. Foi tudo feito à mão. É por isso que esse filme tem muito charme.

César: Não vou dizer que é o meu filme favorito, mas vou tentar ser diferente do Dorian. Recentemente, gostei de “Parasita”, que é um filme sul-coreano. O diretor dele é incrível e tem um olhar maravilhoso. Cada quadro é incrível. A história também é super original, tem muita inteligência e reflexão. Tudo é meio perfeito. Eu gosto desse tipo de novo cinema.

 

Ouça mais Ofenbach nas plataformas digitais:

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