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Dora Morelenbaum parte em busca dos caminhos da canção em “Vento de Beirada”, novo EP

Minúcias e sensações se abrigam nos contornos do som de Dora Morelenbaum. Nascida em uma família de músicos tradicionais e próxima à geração de artistas que Teresa Cristina intitulou como “comunidade hippie” da MPB, a cantora carioca lança neste mês de abril o EP “Vento de Beirada”.

É seu aguardado debut que se manifesta após meses de especulação em 3 faixas inéditas, entre elas o single “Japão”. Inspirada em uma visita da artista ao país quando criança, a composição que vai fundo em questões ligadas à afetividade e a memória, entrelaçando os morros das Minas Gerais aos dobramentos modernos do oriente.

Filha dos respeitados Paula e Jaques Morelenbaum, Dora carrega em si a música. Ao Papelpop ela falou sobre o que há por trás de suas criações, a relação que tem com outros criadores e a magia contida nos acordes e poemas que agora apresenta ao mundo.

***

Papelpop: “Japão” foi a faixa que você escolheu para abrir os trabalhos do EP. Você tinha 5 anos quando foi ao país acompanhar seus pais em uma turnê… Ainda que fosse apenas uma criança, o que mais te marcou nessa viagem? Quais memórias guarda?  

Dora Morelenbaum: O que percebo como mais marcante foi a facilidade de adentrar aquele lugar – tão distante em tantos sentidos – com 5 anos, e enxergar aquilo tudo como mais uma forma possível de ser e estar, aproximando ao que eu conhecia até então.

A propósito, é possível dimensionar o espaço que ocupa a memória afetiva nas criações líricas e poéticas? 

As criações não são nada além do entrelaçar desses fios de memória, e sua ressignificação. Até então, minha pesquisa se baseia exatamente na busca dessas lembranças.

Você traz logo de cara Ryuichi Sakamoto e Milton Nascimento como algumas das suas referências – dois artistas que, apesar de também terem um som bastante solar, sabem conversar com a melancolia por meio das atmosferas. O que desperta identificação, admiração em você?

Nesse caso, são duas referências que permearam minha formação musical – cada um em um momento – e elevaram minha percepção até chegar nessa matiz de sons do universo de “Vento de Beirada”. Além disso, sinto que a obra de ambos carrega esse ambiente etéreo e “mântrico” que quis trazer pro álbum.

Seus pais desenvolvem há décadas um trabalho importante, muito rico de criação e curadoria musical. O que de mais interessante trouxe, o que mais agregou a experiência de crescer em meio a esse ambiente?

O que eu consigo perceber como mais interessante, hoje, é a forma que a aprendizagem se deu, através dessa segunda linguagem. Acredito que a maior estrutura que recebi dos meus pais foi a possibilidade de conhecer o sentir, o pensar e o ser através desses outros códigos. Além da sorte que é crescer cercada por toda essa musica, claro.

Antes mesmo de sair, o seu trabalho de estreia já vinha sendo observado com grande atenção. Sentiu uma certa pressão por ser filha de dois músicos respeitados? E os seus pais, chegaram a opinar no seu trabalho?

Não sei se posso chamar de pressão. Senti, talvez, uma expectativa, mas no geral tem sido algo bom! Não me incomodo que algumas pessoas cheguem ao meu trabalho através do trabalho de meus pais, pelo contrário, me sinto privilegiada por ter esse caminho aberto. E sim, eles sempre opinam! Inclusive, acabei chamando meu pai pra fazer o arranjo do meu primeiro single, “Dó a dó”, que lancei ano passado. Nesse segundo trabalho eles ficaram mais de ouvintes, mas, sempre que bate a dúvida, os procuro.

Você compõe “Vento de Beirada” ao lado de amigos como Ana Frango Elétrico, Lucas Nunes e Guilherme Lirio. Como foi a rotina de trabalho, deu liga de primeira?

Como as gravações de “Vento de Beirada” foram as primeiras do meu trabalho solo, foi muito importante tê-los ao meu lado na produção pra entender melhor esses processos no estúdio. E sentir as músicas ganhando forma com as particularidades de cada um ali foi muito legal. Eu e Lucas já tínhamos trabalhado juntos, e Ana e Guilherme também, então super deu liga! Tenho ótimas lembranças do tempo em estúdio, aglomerados, quando ainda dava.

Você descreve em suas composições situações de teletransporte, de busca… em “Avermelhar”, por exemplo, um dos versos chega a dizer “visitar a noite em você”. Que lugar gostaria de visitar quando houver uma reabertura?

Um show lotado, num festival! No palco ou na platéia, tanto faz, ou nos dois!

E qual lugar Dora Morelenbaum espera ocupar?

Aquele em que houver a tal promessa de felicidade.

***

“Vento de Beirada”, EP de estreia de Dora Morelenbaum, está disponível em todos os tocadores. Ouça clicando aqui.

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