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Cantor lançou recentemente featuring com Robyn e Channel Tres (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação
música

SG Lewis fala sobre novo álbum, confinamento e show no Rock In Rio: “talvez o melhor lugar que já fui”

Novos tempos estão chegando para SG Lewis. O cantor e produtor britânico está prestes a apresentar ao público o primeiro álbum, batizado como “times”, e quer relembrar as pessoas, com o lançamento, de que o tempo é um recurso finito.

O objetivo do disco mudou, na verdade, por conta da pandemia. Lewis, que sente muito por não poder sair dançar em um lugar cheio de gente, espera que o novo trabalho seja uma válvula de escape, que as pessoas possam se esquecer, pelo menos por um momento, de todas as adversidades.

Pensando nisso, as faixas buscam inspiração na alegria das discotecas dos anos 1970 e na música disco – especialmente o sentimento de euforia e inclusão desse período. Uma delas, “One More”, tem participação do ícone Nile Rodgers.

Por causa da pandemia, Lewis voltou à casa dos pais e de lá finalizou o disco, em um estúdio montado no quarto. Entre videochamadas e jantares com a família, o artista prepara um show virtual para o dia 19 de fevereiro, data de estreia de “times”.

Lewis conversou com o Papelpop enquanto curtia um dia típico de Londres, com muita chuva. Ele contou sobre a produção do álbum durante o confinamento, sobre as inspirações e, claro, sobre a experiência no Brasil. O cantor veio ao Rio de Janeiro em 2017 para tocar no Rock In Rio – e saiu apaixonado pela cidade.

Leia o bate-papo completo!

Papelpop: Antes de tudo, parabéns pelo novo lançamento, “One More”. Queria saber como é ter o Nile Rodgers em uma música sua. Vocês já se conheciam antes, mas como que esta parceria tão aguardada finalmente aconteceu?

S Lewis: Há alguns anos, eu conheci o Nile Rodgers no estúdio Abbey Road, quando ele estava fazendo gravações com alguns artistas novos. Eu participei de uma dessas gravações e escrevemos uma música com mais algumas pessoas. Essa canção nunca deu em nada, mas, no final, ele me disse: “estou curtindo o seu trabalho, se algum dia você quiser fazer uma colaboração, me avisa”. E eu pensei: “claro! Mas eu sabia que ele era o cara mais ocupado do mundo”. Isso foi incrível. Um ou dois anos depois, eu estava trabalhando em Los Angeles. Eu e o Julian Bunetta, com quem eu trabalhei no álbum, escrevemos uma canção muito animada, mas eu queria achar um jeito de melhorá-la ainda mais. Então meu manager me perguntou: “por que você não envia a música para o Nile Rodgers?” Eu mandei para o Nile, mas eu nem estava esperando uma resposta. Então ele me respondeu e topou. Fomos para o Abbey Road de novo e fizemos a faixa. Ficar vendo o Nile Rodgers tocar guitarra em uma canção minha foi simplesmente uma loucura. Ele ficou tocando por 20, 30 minutos e fez um trabalho incrível. É uma das coisas que ficarão marcadas em mim, mesmo depois do fim da minha carreira.

Em “One More” você canta sobre ter alguém, sair com os amigos, escutar música. Por que você acha importante falar sobre esses temas no atual momento, em que não podemos sair de casa para fazer essas coisas?

Eu comecei a trabalhar no álbum antes do coronavírus. No início, eu estava me perguntando a mesma coisa: “por que lançar um álbum sobre isso?” Mas eu recebi muitas mensagens dos fãs dizendo que a música era uma válvula de escape de tudo isso. Me disseram que mesmo quando estavam em casa, na sexta-feira, colocavam música, dançavam na sala. Então o propósito do álbum mudou. Se o disco fizer eles deixarem um pouquinho de lado todas essas coisas terríveis que estão acontecendo, esse é um ótimo propósito para mim.

Nas suas canções, por exemplo “Time”, “Chemicals” e, claro, “One More”, podemos sentir uma vibe bem legal dos anos 70. Parece que o álbum vai ter muita influência da música disco. Quais são as principais inspirações para o novo álbum?

Eu li um livro chamado “Love Saves the Day”, do Tim Lawrence. Ele dá detalhes sobre a música disco nos anos 70. Fala sobre The Loft, David Mancuso, Paradise Garage, sobre todas essas discotecas incríveis. Me fascinou como a música, naquele tempo, se tornava a trilha sonora de momentos de celebração em lugares inclusivos e seguros. Ali, comunidades marginalizadas – pessoas de diferentes raças, diferentes sexualidades – podiam estar juntas e celebrar a vida. Isso, para mim, é muito inspirador. Eu quero que a minha música provoque este tipo de euforia e inclusão.

Você acha que foi isso que fez a música disco e outras tendências do passado voltarem a fazer sucesso? Você trabalhou com o Nile Rodgers, produziu “Hallucinate”, da Dua Lipa – ela mesma lançou um álbum bem disco.

A música disco tem uma alegria que transborda. Tem uma euforia alegre. A música é cíclica, as coisas sempre estão voltando. Mas não é uma coincidência que a música disco tenha voltado justo em um momento em que as pessoas precisam tirar alegria e inspiração das músicas. A música disco é a música dance com alma. Ela tem muito ritmo. Acho que ela sempre será relevante.

Por que você decidiu batizar o seu álbum de estreia como “times”? 

Eu coloquei o nome de “times” porque o álbum é, basicamente, um estudo sobre como o tempo é um recurso finito. Todas as coisas que eu não dei valor no passado, como ir a discotecas, são experiências que, de repente, podem deixar de existir no amanhã. “times” é sobre olhar para todos esses momentos, esses “tempos”, e perceber que eles podem não voltar nunca. Você tem a oportunidade de aproveitar as coisas com as pessoas que você ama, de celebrar os momentos e tirar o melhor deles.

Você pode contar um pouco sobre o processo de produção do álbum durante a quarentena? Os desafios, o que você aprendeu de diferente…

Eu voltei para a casa dos meus pais. Tive que montar todo o set de produção no meu quarto, igual ao de quando eu comecei a fazer música. Na verdade, nem tive que aprender algo novo, mas sim que saber lidar com as limitações. Tive que voltar às origens na hora de terminar o álbum. Mas isso me ajudou, de certa maneira. Me fez ter foco, eu consegui tirar um tempo para finalizar o disco. Ter que trabalhar sozinho foi algo bom, me forçou a tomar todas as decisões por minha conta.

“times” terá várias colaborações. Como foi trabalhar com os artistas convidados em meio à pandemia?

Eu fiz “Impact” com a Robyn. E eu ainda não conheci a Robyn em pessoa. Fizemos tudo por chamadas de vídeo. Ela é incrível. O processo de enviar e receber o material é mais demorado, você tem que se adaptar. Mas a Robyn é maravilhosa, ela é meticulosamente detalhista com a arte dela. Todas as decisões têm que ser perfeitas. Então foi muito vai e vem, mas a gente conseguiu terminar. Acho que você tem que aprender a se adaptar às novas condições.

Quais são as suas maiores influências musicais?

Quando eu comecei na música, eu era muito fã do James Blake. Eu ainda sou. Foi ele quem me mostrou que a música eletrônica e a composição podem caminhar juntas de uma maneira criativa e inovadora. Atualmente, eu me inspiro muito em Jamiroquai. Eu amo as músicas e sempre as escuto. Eu adoro os elementos de acid jazz da banda.

Eu tenho que perguntar sobre o Brasil. Você veio para cá em 2017 para tocar no Rock In Rio. É um festival enorme! Como foi essa experiência?

Foi um dos melhores lugares que já fui – senão o melhor. E eu não falo isso para todo mundo. Eu tive muita sorte de ter tido muito tempo livre quando eu fui ao Rio. A cidade tem uma alma maravilhosa. As pessoas têm uma atitude realmente incrível. Eu achei lindo. Mal posso esperar para voltar. Passei os melhores momentos aí.

E você conseguiu visitar bastantes lugares?

Fomos a Copacabana, fomos – vou pronunciar o nome errado – àqueles degraus onde o Pharrell gravou o clipe. Escada…

Escadaria Selaron. 

Isso! Isso mesmo! A gente andou ali pelo bairro, foi dançar em alguns bares. Fomos no local onde o Snoop Dogg gravou as cenas do clipe de “Beautiful”, que é uma das minhas músicas favoritas. Fizemos muita coisa diferente, fomos a muitas praias. Desde então eu quero voltar. Quem sabe depois da pandemia.

Você esperava ter que fazer toda a divulgação do seu primeiro álbum online? Como está sendo?

É bem diferente. Eu meio que gosto de falar com as pessoas por vídeo, mas é engraçado. Eu estava com minha família e minha música estreou na Radio One. Eu pensei que, nestes momentos, eu estaria viajando pelo mundo, fazendo turnê. Mas eu terminei de ouvir a música e minha mãe falou: “o jantar está pronto”. E eu fui jantar com a minha família. É estranho porque é um momento muito especial, mas, ao mesmo tempo, minha vida está exatamente igual. Só estou fazendo mais chamadas por vídeo.

E, no momento, enquanto a gente não pode te ver em uma turnê, você está preparando uma live para apresentar o álbum no dia do lançamento. O que os fãs podem esperar deste concerto?

Vai ser a primeira vez que o álbum será tocado ao vivo. Alguns convidados especiais participarão da live – por meio dessa maravilha que é a internet e a tecnologia. A gente está aproveitando que vai ser transmitido online para fazer um bom uso da tecnologia. Vai ser diferente de estar somente filmando um show no palco. A gente quer que seja uma experiência imersiva.

Para terminar, quais são suas esperanças para os tempos futuros? Na música, na sua vida…

Eu quero muito poder dançar em um lugar cheio de gente de novo. Sinto muita falta disso. Em relação à música, eu quero continuar fazendo canções que me deixem orgulhoso, quero produzir para os meus artistas favoritos e quero continuar fazendo minha própria arte também.

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O álbum “times” estreia em 19 de fevereiro e os ingressos para o show “times: The Live Experience” já estão à venda aqui. 

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