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Morre aos 73 anos a “divina diva” Jane di Castro, ícone do teatro
Uma das figuras mais importantes da cena queer brasileira, a atriz, performer e ativista Jane di Castro faleceu nesta sexta-feira (23). Segundo o jornal O Globo, ela lutava contra um câncer.
Nascida em Osvaldo Cruz, bairro da Zona Norte do Rio, Castro começou a carreira em 1966 com a peça “Les girls em Op Art”, no Teatro Dulcina. “Foi o primeiro musical liberado pela censura, com homens vestidos de mulheres. Só podíamos trabalhar na madrugada”, disse anos depois em entrevista à TV Brasil.
Com a repercussão e a ousadia do espetáculo, a atriz voltou a desafiar a opressão imposta pela ditadura militar. Teve início aí uma perseguição, sem sucesso.
Por cerca de dez anos também estrelou o show “Divinas Divas“. Ao lado de figuras como Rogéria, Valéria, Camille K., Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios, Jane presenciou o auge da Cinelândia, agitada região da capital fluminense cercada por teatros.
Em 2018, esse resgate à trajetória da primeira geração de artistas travestis do Brasil deu origem a um documentário lançado pela Vitrine Filmes, dirigido pela também atriz Leandra Leal.
Em mais de cinco décadas de trabalho, Castro assumiu uma postura combativa diante de manifestações da homo e da transfobia. Entre seus feitos e parcerias estão projetos coordenados pelos respeitados Bibi Ferreira, Marlene Casanova e Ney Latorraca, que a levaram a algumas das principais casas do Brasil e do exterior.
Nos Estados Unidos, apresentou-se no Lincoln Center ao lado de artistas como Bebel Gilberto e Maria Alcina no “Tributo a Carmem Miranda”. A direção foi de Nelson Motta.
Na TV, um dos últimos trabalhos foi a novela “A Força do Querer”, em que interpreta a si mesma. Desde 2001, paralelamente à carreira artística, era proprietária de um salão de beleza nas imediações do hotel Copacabana Palace.
Informações sobre o velório não foram divulgadas.