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Foto: Gabriel Dias
música

Entrevista: WC no Beat fala sobre “GRIFF”, álbum que acaba de ser lançado com 33 participações

Depois do sucesso do “18K”, o produtor WC no Beat lançou nesta sexta-feira (20) o segundo álbum da carreira. Intitulado “GRIFF”, o projeto reúne 33 participações especiais, entre elas nomes como Anitta, Ludmilla, Pocah, Djonga, Karol Conká e Dilsinho.

Ao todo, o novo disco conta com 14 faixas. Elas são inspiradas no mundo da moda e no luxo do entretenimento, chegando com a premissa de agradar todos os públicos com o trap funk – gênero do qual WC no Beat clama o título de pioneiro.

Pelo telefone, o produtor capixaba falou com o Papelpop dias antes do lançamento. Além de ter comentado alguns detalhes sobre o desenvolvimento do novo álbum, o artista também falou sobre produção musical no Brasil, expansão do trap funk e a atual pandemia.

Confira!

Papelpop: WC, me conta como você escolheu e conseguiu trazer 33 artistas para o álbum “GRIFF”! É muita gente, né?
WC no Beat: Foram dois anos de trabalho. E, assim, primeiro tem a questão da amizade, né? A gente tem uma relação de amizade antes de estar dentro do estúdio e isso é muito importante para ter um vínculo de confiança a ponto do artista ter vontade de fazer uma música comigo. Pela minha amizade e o respeito que têm por mim, eles quiseram trabalhar comigo. Foram dois anos de muita experiência e amizades novas. Acho que por isso que consegui trazer toda essa galera para fazer música boa, sabe? Acredito que se você coloca 33 participações participações dentro de um disco é porque essas 33 pessoas gostam de você.

A maioria das gravações de vozes foram presenciais ou à distância?
A maior parte das gravações foram presenciais. Gravei tudo antes da pandemia, tendo que viajar entre Rio de Janeiro e São Paulo. Poucas vozes eu recebi pela internet. Sou aquele cara que não vai arregar, entendeu? Se for para acordar 5h da manhã para estar em um programa de TV, 9h estar na rádio e 12h estar dentro de um estúdio gravando com alguém, eu sou esse cara. Todo esse trabalho me fez aprimorar muito, saber tratar o artista e conhecer a linguagem dele. Isso me fez lapidar o projeto.

Foi difícil reunir com coesão tanta gente, de estilos tão diferentes, em um álbum só?
É sempre um desafio trazer vozes diferentes para um projeto seu. Trazer essa galera de fora [do trap funk] tipo Dilsinho e Bucheca foi nada menos que fruto de um trabalho que a gente já fez, que eles ouviram e falaram: “Quero estar dentro, quero estar junto. WC como pessoa e como músico é excepcional”. É uma levada totalmente diferente deles, mas eles confiam tanto em mim que eu faço a levada deles ser boa dentro do meu gênero. Com isso, consegui fazer toda essa mistura de trazer gente do samba, pop, rap, funk e trap. É uma parada que fui construindo com muita humildade e carinho. Acredito que tem tudo a ver com o lance da atitude, de estar junto, de querer fazer a parada funcionar. É muito de mim isso, sabe? A música soa de outra forma se você está com a pessoa, se você entende como ela fala, rima e canta, qual é o timbre de voz dela, qual o timbre da música em que ela se dá melhor. Tudo isso é pensado. A gente está em uma construção e a base sou eu, o cara que vai fazer a música acontecer, que vai te ajudar a escrever na linguagem que é o meu gênero de música. A gente deixa o alicerce bom para vir um prédio.

Eu vi que o álbum tem até participação de uma galera internacional. Você pode falar sobre isso? Acha que fazer música com gente de fora traz uma visão diferente para o projeto?
Eu abri portas para dois artistas entrarem no Brasil: Preto Show (da Angola) e Reik (do México). Eles são muito famosos, mas não estão no Brasil normalmente. O Preto Show chegou ao Brasil e veio no meio estúdio, sabe? O Reik é um cara que conversa comigo no Instagram. Essas são duas participações que estou muito feliz de ter presente no disco e que vão trazer esse lado cultural diferente para ele. Tipo, é uma parada que você conquista e isso vai se disseminando até chegar um momento em que para no ouvido do Drake (risos). Quanto mais você trazer as participações de fora, mais elas vão te disseminar para fora, entendeu? É um dos meus objetivos fazer com que o trap funk seja reconhecido mundialmente.

No Brasil, a gente não vê muitos produtores lançando álbuns autorais. Me fala sobre a sua experiência! É mais desafiador fazer isso do que produzir para outros artistas?
Eu já era produtor antes de me tornar artista. A partir do momento que eu, produtor, comecei a tomar frente tudo mudou. Foi uma parada que trouxe mais notoriedade, atenção e respeito. Acho que é muito importante quando o artista fala o seu nome. No rap, o Felp [22] vinha dizendo assim: “WC no Beat” (cantarolando). Isso pegou e me trouxe mais para a frente. É uma via de mão dupla: eu preciso do artista e o artista precisa de mim. Felp me deu essa visão desde as músicas que a gente fazia. Ele me colocou na cena como o produtor que todo mundo conhece. As pessoas não conheciam a minha cara. Foi quando eu decidi fazer meu disco autoral que as pessoas começaram a conhecer meu rosto, me parar na rua – o que é normal de uma carreira. O produtor saiu para a frente e mostrou a cara. Quando você faz música boa, vai fazer sucesso!

Bom, eu já ouvi um pouquinho das novas músicas. Queria saber qual foi a faixa em que você acha que mais se arriscou…
Mais me arrisquei? Todas! O álbum é uma forma de se arriscar, porque hoje ninguém mais lança álbum. Ninguém lança uma parada grandiosa, com mais de dez músicas. Hoje são singles rápidos, explosivos, que batem 100 milhões [de streams] e ficam um ano derivando. Estou lançando um projeto para vida. É tudo uma questão de amor pela música. Você tem que ter cuidado como se fosse um filho. O álbum “GRIFF” é como se fosse meu filho mais velho que está saindo de casa e eu estou orgulhoso dele. É isso que o CD representa para mim.

E você estava confirmado no Lollapalooza Brasil 2020, né? Antes, a gente não via muito a galera do funk e do trap nacional em grandes festivais do país. Acha que esse processo tem relação com a “desmarginalização” dos dois gêneros musicais? Como enxerga essa mudança?
Normal. Eu acho que é passo por passo, almejando isso. Você tem que se capacitar. Não adianta achar que você estourou com uma música e está bom. Jamais! Tem que estudar, se aprimorar, perder o sono para ficar na frente do computador, de quem sabe e pode te ensinar. Tudo isso para você sempre se aprimorar e fazer com que o trap funk quebre as barreiras e esteja em um Lollapalooza da vida.

Quais os desafios de se fazer um lançamento no meio de uma pandemia? Afetou muito os seus planos?
Ninguém sabia que essa pandemia ia vir tão forte. A gente pensou que ia ser uns 40 dias e tudo bem. Por um lado, nos atrapalhou um pouco porque o lançamento do disco ia ser em março. Mas, pelo lado bom, deu para eu aprimorar, lapidar o projeto e fazer com que ele seja muito especial. E as pessoas estão sedentas por músicas com tudo o que está acontecendo. Nesse disco, tem músicas que as pessoas vão querer ouvir dançando, sentindo a batida, vão chorar, vão querer curtir na academia, na praia. O “GRIFF” tem toda essa linguagem para suprir uma necessidade. A gente está em um momento muito delicado. Eu sei que a galera vai curtir, porque a música está boa e acho que lançar um disco em uma pandemia é histórico.

Soube que você vai fazer um show drive-in no dia 28 de agosto para tocar as novas músicas. Acredito que seja uma experiência bem diferente de uma apresentação “normal”. Você já bolou algumas estratégia para manter a energia do show lá em cima mesmo com cada um no próprio carro? Me fala mais sobre como vai ser!
Quem já foi no meu show sabe que é explosão o tempo todo. Dá para me ver subindo nas estruturas do evento, pulando da mesa do DJ no palco, dançando, fazendo coreografias e assim… isso não vai mudar. Só de sentir a energia do público estando ali, apertando a buzina com toda a força do mundo vai ser uma parada que já vai estar me deixando alegre, porque as pessoas estão presas dentro de casa. Para mim, fazer com que as pessoas saiam de casa e curtam um show totalmente diferente não tem preço. Então, não vai ser uma coisa chata. Vai ser para cima! Porque a pessoa que vai estar pagando não quer ficar triste, né? Acredito que o fato de estar dentro do carro não vai mudar nada. E, se tiver espaço no show, vou usar fogos de artifício, explosões, fogo e botar meu disco para ferver na rua. Tem que estar feliz!

Ouça abaixo o disco:

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