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Entrevista: Heey Cat fala sobre lives do mês da visibilidade lésbica e novos projetos de 2020

Catarina Alexandre, mais conhecida como Heey Cat, recebe nesta segunda-feira (24) a cantora Sandra de Sá em uma transmissão ao vivo no Instagram a partir das 20h. Essa promete ser a última de uma série de lives que a DJ vem promovendo desde o início de agosto para dar ainda mais destaque ao mês da visibilidade lésbica.

Como parte desse novo projeto, Heey Cat já bateu um papo no Instagram com artistas como Carol Biazin e Kynnie Williams. Entre os assuntos discutidos nas lives, estão música e, claro, a visibilidade da cena. A intenção da DJ é levar discussões que considera importantes para as mais de 379 mil pessoas que a seguem no Instagram.

Pelo Zoom, Catarina conversou com o Papelpop e explicou de onde surgiu a ideia das lives dias antes do encerramento do projeto. A artista ainda falou sobre o machismo dentro da comunidade LGBTQIA+, a importância de promover debates nas redes sociais, as atividades que tem desenvolvido na quarentena e os planos para o final de 2020.

Leia:

Papelpop: Catarina, eu vi que você estava fazendo algumas lives para discutir temas ligados ao mês do orgulho LGBTQIA+ em junho. Você recebeu algum feedback positivo do público e, por isso, decidiu fazer algo parecido no mês da visibilidade lésbica?
Heey Cat: Sim. Quando eu fiz as primeiras lives, no mês de junho, tentei pegar pessoas e histórias diferentes do que a gente está muito acostumada a ver. O feedback foi muito positivo por causa disso. Pela oportunidade de conhecer o outro, conhecer outras siglas do “LGBTQIA+”. A partir disso, nesse mês da visibilidade [lésbica], tentei continuar puxando mulheres fora da bolha. Eu conversei com mulheres lésbicas trans, mulheres de “n” lugares para a gente não ficar naquele rótulo muito fechadinho e padrão.

Que legal! Para você, é um desafio fazer com que o mês da visibilidade lésbica realmente aconteça? Eu sinto que as lésbicas são um pouco invisibilizadas dentro do próprio movimento LGBTQIA+…
Essa nossa comunidade, mesmo sendo uma minoria, ainda é uma comunidade machista. A gente ganha reconhecimento em meses específicos, como no mês do orgulho e agora no da visibilidade. Sei que tenho os meus privilégios enquanto mulher lésbica branca, porque estou dentro de um padrão. Mas tem muitas mulheres que não tem isso. Então, com certeza, elas não tem 1% da visibilidade por conta disso. São muitos estereótipos que a galera coloca em cima. A gente tem essa luta, que vai ser constante e vai durar muitos anos para ter um reconhecimento maior. Em uma sociedade heteronormativa e com a masculinidade superior a tudo, a gente [como mulher] tem que lutar por igualdade em todos os lugares – ainda mais sendo lésbica.

E como foi a escolha das convidadas para as lives? Foi mais pelo critério da diversidade mesmo?
Sim. Desde o começo. Óbvio que chamei uma menina ou outra que está ali no meio do que estamos mais acostumados para contar as suas histórias, mas eu tinha especialmente esse intuito de chamar a galera de fora [da bolha]. Eu também vi que um dos assuntos muito comentados era aquele sobre mulheres trans. Achei o conteúdo muito necessário de ser puxado para aprender, porque sei que as meninas que me seguem são um pouco mais novas, de uns 15/16 anos. Acho que, se você começa a colocar aquela informação necessária para a galera que tem essa idade, é mais fácil de fazer ela crescer com uma cabeça diferente do que quando você pega alguém de 30/35 anos e tenta colocar um outro tipo de informação ali, porque a pessoa já está com a cabeça mais fechada.

Então, por ter seguidores tão jovens, você leva como uma missão usar a sua visibilidade para trazer mais conhecimento sobre a causa?
Desde que me vi como um símbolo de representatividade nas redes sociais, eu senti esse peso de ser uma pessoa influente e não estar ali apenas para mostrar uma foto, um produto ou uma música, mas principalmente para passar conteúdo e mostrar para as meninas que estão se descobrindo que existem coisas ruins [ao longo do processo]. Existe todo aquele momento de aceitação, em que a gente vai tomar muita pedrada. É muito fácil chegar aqui e falar que “é tudo feliz e lindo”, mas não é! Então, eu tento passar o mais próximo da minha realidade para as meninas que estão me assistindo de forma que elas se sentam representadas e enxerguem aquilo que elas também estão passando. Tento dar aquela força para elas poderem continuar lutando pelo o que elas querem e conseguirem se aceitar de uma forma boa, tentando amenizar todas as dores que a gente já sofre.

Bom, com esse projeto de lives, eu suponho que a quarentena anda bem agitada para você. O que mais tem feito nesse período de isolamento?
Desde que a gente entrou em quarentena, eu tentei fazer as coisas que estavam ao meu alcance. Como estou sem festas e não sei quando elas voltam, comecei a dar um gás no curso de produção, focando um pouco mais na minha área de trabalho. Eu também fiz lives tocando no Youtube e muitas pessoas que nunca conseguiram ir em um dos meus shows conseguiram participar. As meninas que me seguem têm recebido muito bem esse tipo de conteúdo que tenho produzido. Então, estou correndo atrás de continuar produzindo e agregando, deixando minhas redes sociais movimentadas. Se eu ficasse só sentada esperando as festas voltarem, ia estar estagnada.

E quais os próximos planos? Como pretende encerrar 2020?
Na segunda-feira, dia 24, tenho uma live com a Sandra de Sá. Depois, tenho uma live tocando. Em setembro, ainda está meio em aberto o que vamos fazer. Em outubro, talvez tenha um lançamento, mas ainda não posso dar muito spoiler. Sei que vão ter várias coisas durante todos os meses. Se eu fosse soltar alguns spoilers, por exemplo, em setembro vai ter uma coleção nova que vou lançar, mas as pessoas ainda nem sabem do que é. Em breve vão saber!

Para encerrar, quer indicar algumas artistas lésbicas? Tem alguma que você conheceu durante a quarentena?
Eu já conhecia muitas, mas agora tive a oportunidade de conhecer outras… Por exemplo, DAY e Carol Biazin já são artistas maiores. Tenho certeza que a galera já conhece elas. Tem também a Luana Berti e Kynnie Williams. Elas são artistas que são lésbicas e estão tentando mostrar que têm todo o talento necessário para explodir nesse mundo, só estão esperando serem um pouco mais bem aceitas pela nossa sociedade.

 

Relembrando, a próxima live da Heey Cat acontece hoje a partir das 20h. Seguimos de olho nas novidades!

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