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Foto: Douglas Rider
música

Chameleo fala ao PapelPop sobre o single “Você Me Fu*”, moda e amor por São Paulo

Nesta sexta-feira (17), o cantor Chameleo lançou o single “Você Me Fu*”, que explora o fim de um relacionamento e todas novidades que vêm após isso. Com os versos narrando um término conturbado, ele só quer saber de se livrar dos sentimentos ruins.

Nós ouvimos a faixa e ficamos curiosos para saber um pouco mais sobre a canção, bem como a nova fase da carreira do artista, que deve dar muito mais enfoque para músicas em português e com uma pegada menos dark do que os trabalhos anteriores.

Por isso, o Papelpop conversou com Chameleo por telefone. Nós falamos sobre moda, referências, amor por São Paulo e ele confessou estar morrendo de saudades de ir pra uma fritação. O nosso papo você confere abaixo:

Pra começar, e dar uma situada em quem ainda não conhece seu trabalho, queria que você me contasse três referências essenciais pro seu trabalho.

Hoje em dia, quem eu me espelho muito, tanto sonoramente e visualmente, é a Rosalía. Pra mim ela é uma artista muito completa! Então, com certeza, ela é a minha maior referência atual. Billie Eilish também, que tem essa coisa do pop mais dark, que eu sempre trouxe na minha música. E eu não poderia deixar de falar do Elvis [Presley], que é minha referência da vida. Não que sonoramente tenha algo a ver com meu trabalho, mas se eu preciso escrever uma música, eu escuto Elvis porque vai vir a luz pra me iluminar, sabe?

Em 2019, você lançou o EP utopiaTABOO, que tinha uma vibe mais dark, né? Em “Você Me Fu*”, você parece estar tratando de uma questão difícil mas numa pegada mais alegre. A nova era vai ser assim?

Com certeza! A fase dark tá indo embora aos poucos, rs. Nesta nova etapa da minha carreira vou trazer coisas bem mais dançantes, bem mais ups e um pouco mais leves também. Sempre vai estar presente na minha estética esse lado mais dark, porque sou apaixonado por isso. Mas, daqui pra frente, vai ser mais batidão, mais um bate-cabelo, do que um chororô meloso.

Você é um artista com muitas referências de moda. Seu estilo é muito misto, sempre mutante e bem impactante. O que podemos esperar da parte fashion da era?

Ah, nesta nova era eu vou incorporar esse lado fashion que eu sempre tive em mim. Sempre fui apaixonado por moda, sempre pesquisei muito. Mas, eu sinto que na minha carreira, o eu tinha lançado até agora não necessariamente incorporava esse lado. Então vai ter muito look sim, muito close! Daqui pra frente vai ter mais de mim do que meu alter-ego, sabe? Cada vez mais incorporando minha personalidade na música e não só aquela coisa melancólica…o meu lado bicha, né?!

Se liga no clipe, que foi gravado antes da pandemia e contou com direção de Junior Scoz e Fernando Hideki:

Muitas das suas músicas anteriores eram em inglês, já “Você Me Fu*” vem em português. A gente vai ter alguma inédita em inglês? E como você se sente cantando em português?

O meu foco agora é só mercado brasileiro mesmo. Então vou explorar só em português por enquanto. Eu tenho muita música em inglês, que escrevi no passado e não produzi, e mais pra frente pretendo fazer algo. Um EP, algo pra lançar essas músicas. Mas o foco agora é em português. E chega ser diferente, porque eu cantava em inglês pro Brasil. Então tinha aquela coisa de “Vou escrever deste jeito pra nem todo mundo entender, com uns trocadilhos”. Agora é “tirar a roupa na frente de todo mundo” e saber que cada palavra vai ser entendida por todo mundo. Então é mais intimidador, mas tô encarando como um desafio. E acho que tem a ver também com auto-aceitação, ligar um foda-se e botar pra fora.

A sua arte tem muitas inspirações em movimentos artísticos, né? Se você pudesse escolher algum artista visual (vivo ou morto), que curte muito, pra fazer a capa de um álbum ou single, quem escolheria?

Tem tanta gente que acompanho! Acho que chamaria o Lucas David, ele fez alguns trabalhos pra Kim Petras. Ele é latino, ele desenha, pega bem essa estética dark e incorpora essa coisa de filme de terror nas artes dele. E ele é um artista queer que tá super crescendo, acho ele foda e acho que a estética dele combina comigo.

Você é natural de Curitiba e mora há algum tempo aqui em São Paulo. As duas cidades são bem diferentes. A capital de SP te inspira de alguma forma?

Com certeza! Me inspira e São Paulo fez eu me aceitar 100% como pessoa, como artista. Aqui é muito diverso, já Curitiba é um pouco mais conservadora, né? Então lá eu saio na rua, de boa, e já rolam aqueles olhares. Em São Paulo, todo mundo tá correndo atrás do seu, então não tem tanto espaço pra esse tipo de julgamento. Óbvio que sempre rola, mas não este olhar depreciativo ou maldoso. A cidade me ajuda, me inspira e sou eternamente grato. Eu fico falando: “Como eu amo São Paulo!”. E eu já morei na Austrália, nos Estados Unidos e sinto que São Paulo é cidade do Brasil que mais tem infraestrutura comparada com alguma lá de fora. Até esse lance de estar tudo sempre acontecendo, tudo no movimento. I love São Paulo, rs.

E como tem sido esse momento de pandemia? Tá tentando aproveitar a quarentena pra trabalhar em novos materiais?

Acho que todo período de isolamento…eu tive câncer há dois anos, né? Então já passei por uma semi-quarentena, em que tive de ficar em casa. É um momento que te faz olhar muito pra dentro. É como mergulhar e, nem sempre, as águas são cristalinas e maravilhosas. Mas, pra quem escreve música é ótimo pra explorar. Eu sinto que as melhores músicas saem daquele lugar que você vai cavucando e é transpassado. Esse período tá sendo muito auto-reflexivo e muito criativo também. Todo esse turbilhão de emoções, isso é muito proveitoso. Eu sou muito privilegiado, não posso reclamar porque tá sendo bem produtivo.

E o que você tá morrendo de vontade de fazer quando tudo isso acabar?

Ai, eu quero ir pra fritação! Já tá até no refrão do single. Eu quero ir pra baladinha curtir um eletrônico! É isso porque todos meus amigos são desse rolê, então significa reunir todos eles, curtir e comemorar, ser grato quando tudo acabar. Mas nunca se esquecer também, porque tudo acontece por um motivo, temos que estar sempre atentos às respostas. No dia dia, quando voltar tudo “ao normal”, é fácil se esquecer, mas temos que lembrar o porquê e não esquecer.

Bora de stream em “Você Me Fu*”:

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