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música

Suricato conta ao Papelpop sobre parceria com Melim, visão sobre sucesso e mais!

Em janeiro, Rodrigo Suricato, ganhador do Grammy Latino e – em paralelo – atual vocalista do Barão Vermelho, lançou um novo single, em parceria com Melim, a sensível “Astronauta”. O trio de irmãos com quem Suricato colabora neste trabalho é já nome marcante do pop brasileiro, com o recente hit “Meu Abrigo”, entre outros sucessos.

A faixa já estava presente no último disco do cantor, “Na Mão As Flores”, lançado em agosto de 2019. Entretanto, para a colaboração, ganhou uma nova roupagem. “Achava que essa canção merecia uma abordagem diferente. Até porque ela foi uma incógnita dentro do meu trabalho”, comenta Suricato em entrevista por telefone ao Papelpop, num papo que rendeu sobre os processos criativos do trabalho, artistas que usam autotune demais e sucesso na indústria musical.

Dá uma conferida no clipe e vem ler nosso papo:

PAPELPOP – Como foi colaborar com Melim? Você já conhecia eles?

SURICATO – Foi maravilhoso, porque a gente teve uma conectividade real. Isso hoje em dia é bem difícil. Ainda mais nessa coisa de gravar tantos feats, eu fiquei muito ligado na conexão artística mesmo, sabe? Poder estar no estúdio com eles trocando e sair de lá com uma energia maravilhosa dessa realização é muito bom. Nessa faixa, produzi e toquei todos os instrumentos e, depois, eles entraram com as vozes. Estive presente no estúdio com eles, mas sem me meter muito. Deixando eles bem à vontade pra se expressarem como achassem melhor nessa faixa.

E como se deu a escolha desta faixa dentre as do álbum, para ganhar uma nova versão?

A escolha foi minha. Achava que essa canção merecia uma abordagem diferente. Até porque ela foi uma incógnita dentro do meu trabalho. Foi composta por mim e Maurício Barros, antes de eu entrar no Barão Vermelho. Eu achava que o potencial criativo, artístico e comercial dela ainda não tinha se resolvido por inteiro. E quis trazer essa nova abordagem, que acho que foi um golaço. Gosto muito da versão do disco, que é mais introspectiva e faz sentido com o todo, mas nessa nova versão acho que ela pode ser entendida e admirada por mais gente, que é meu objetivo.

A canção teve várias versões durante a feitura do disco, né? Conta mais pra gente sobre o processo de produção?

No final, foram feitas sete versões. Eu produzi meu próprio disco, né? Então não consigo enganar a mim mesmo. Mas acho que agora ela chegou mais próximo do céu, digamos assim.

Quando você decidiu fazer uma versão com Melim, você sabia certinho que era essa roupagem que queria?

Sabia, porque ia funcionar muito bem com eles. Ainda mais porque são três grandes cantores que têm uma unidade, compartilhada pelo DNA ali, né? Então essa conectividade trouxe uma intimidade muito bacana. Talvez se eu estivesse sozinho nessa música, ela não teria ido pra lugar nenhum mais. Mas é porque vozes são instrumentos, tão importantes quanto guitarra, bateria e baixo. Até mais importantes. Então foi muito positivo, muito good vibes, no estúdio.

Você sempre viu a voz como um instrumento pra além do que as palavras das letras dizem? De onde veio esse pensamento?

É um exercício da produção, né? A gente está o tempo todo trabalhando, então a gente vai mudando alguns conceitos. Gravando esse disco, descobri muita coisa sobre produção e principalmente sobre voz. Algumas canções, fazendo takes de voz, soavam super afinadas e no lugar, mas faltava o convencimento. Algumas canções precisaram ser regravadas para terem esse impacto da voz. Como estive envolvido em todo o processo, tinha que sair do estúdio acreditando 100% no disco.

Nessa nova versão, aliás, seus vocais estão bem naturais. Durante a criação, você costuma pensar no autotune e o papel dele nas suas faixas?

Tendo dar o melhor do mim pra cantar o mais afinado possível. Uso a tecnologia pra me auxiliar, não pra me salvar. Não sou contra o autotune, porque todo mundo usa pra sair do estúdio com tudo certinho. Eu não afino tudo não, deixo algumas coisas passarem. Tem alguns artistas que são mais ligados nisso e gostam de deixar as coisas super afinadas pelo computador, mas não sou contra não. Sou contra quando o artista precisa disso pra passar às pessoas que ele é uma verdade, quando ele é uma farsa. Mas desafinar é natural. Todo mundo desafina.

Na versão do disco, “Astronauta” tem uma intro super interessante que, assim como o nome, lembra algumas faixas do David Bowie da década de 70. Essa foi uma referência pra você para a faixa?

Totalmente! Você matou a charada. Tem uma ambientação de sintetizadores mais experimental. Bowie hoje em dia, ainda mais no Brasil, não seria entendido. Essa nova versão vai mais direto ao ponto, sabe?

Numa entrevista nossa à época do lançamento de seu disco mais recente, “Na Mão As Flores”, você comentou sobre a turnê do trabalho: que teria no palco somente você tocando todos os instrumentos. E que Bon Iver estava sendo uma grande inspiração pra isso. Essa nova versão de “Astronauta” tem referencia noutro artista?

Não! Foi muito objetivo. Sabe quando tudo soa muito certo? A gente tenta condicionar que as coisas funcionem no tempo que a gente quer, mas demorou um ano pra música entrar nesse arranjo ideal. Pra traduzir o potencial dela. As coisas demoram mesmo e é um pouco por aí.

Ainda falando sobre o show, agora com a colaboração com Melim, já pensou em convidar eles pra uma versão ao vivo no palco?
Eu ia adorar! Imagina se a música dá super certo e eles começam a tocar nos shows. Não só eles, mas quem mais quiser tocar. Se for um sucesso nacional, ia ser uma alegria enorme. É o sonho de qualquer artista, né? Tem alguns que admitem e outros que não.

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