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foto por helena yoshioka
música

Raquel Virgínia, Lovefoxxx e mais participam de painel sobre futuro sustentável no Festival GRLS!

O Festival GRLS! começou com tudo na manhã desta sábado (7). Antes de grandes shows rolarem, alguns talks foram programados. O primeiro deles foi o “Amanhã Chegou: Construindo um novo mundo”, painel que teve a presença de Raquel Virgínia, Luisa Matsushita (Lovefoxxx), Luana Xavier e Alessandra Munduruku, que discutiram sobre as necessidades de mudança em vários cenários, que se conectam no fim.

Raquel, uma das vozes de As Bahias e a Cozinha Mineira, entrou como mediadora. Para iniciar a conversa, ela comentou sobre a negatividade existente em nossa sociedade usando como exemplo um vídeo de uma mulher trans sendo agredida que viralizou recentemente. A cantora questionou as razões de não falarmos sobre coisas boas na mesma intensidade em que falamos sobre coisas ruins:

“A gente precisa viralizar as coisas boas das pessoas trans, não somente as coisas ruins. Todos os dias eu tenho vitórias pra contar. Conheço muitas pessoas trans, negras que estão vendendo. Porque só o sinistro, o B.O., as coisas negativas são viralizadas? Porque não viralizamos as coisas boas? Vamos falar dos nossos objetivos de vida. É estranho porque não estamos preparadas para lidar com o protagonismo trans”

Luisa Lovefoxxx, vocalista do Cansei de Ser Sexy, falou sobre sua mudança de vida. Ela fazia parte da banda (uma das maiores atrações brasileiras em nível internacional), mas buscou transformar completamente seu modo de se relacionar com o mundo. Hoje ela mora em uma casa completamente sustentável e onde trata até mesmo seu próprio esgoto. Contudo, esse processo não foi fácil. Lovefoxxx precisou ir aos poucos e afirmou, emocionada, que coisas simples como pregar um prego foram importantes em seu processo.

“Eu não tinha segurança de pregar um prego, sabe? E tinha uma garota na minha classe de aula que me ajudou. E ela não era o que eu esperava, a gente sempre estereotipa, né? Ela falou pra mim: ‘Vai, prega, você consegue. É só olhar e entender onde você quer chegar”. E aquilo foi muito mais do que pregar um prego. Foi dali que eu comecei, depois fui fazendo outras aulas e cursos, e construí a minha casa”

Já a atriz e apresentadora Luana Xavier, outra convidada, falou sobre como as religiões de matriz africana estão se remodelando para não agredir a natureza, visto que estão extremamente conectadas à ela. As oferendas, por exemplos, estão sendo feitas de uma nova maneira em várias destas manifestações:

“A gente precisa entender que algumas oferendas podem gerar lixo que agridem a natureza. Se eu coloco algo no mar, pra onde vai? Mas as vezes é difícil mudar o pensamento de pessoas mais velhas que estão inseridas neste meio. Mas a gente está repensando”

Xavier também comentou o preconceito religioso. Há pouco tempo ela relatou ter sido parada em um aeroporto por usar um turbante. Mesmo tendo passado pela inspeção sem mais interrupções, ela questionou a policial presente no episódio se o procedimento seria feito da mesma forma com uma freira:

“Aí falei: ‘Se passa uma freira aqui, vocês obrigam ela tirar o hábito assim como estão me obrigando a tirar meu turbante?’. A funcionária do aeroporto não soube me responder. Ou seja, este é um tipo de racismo religioso que também existe…”

Alessandra Munduruku, que faz parte da aldeia indígena Munduruku, falou sobre a situação dos índios no Brasil. Ela questionou como esperam que eles estejam “inseridos na sociedade” se a mesma os expele e exclui de diversas maneiras.

“Todo mundo merece viver, merece o direito a água, saúde, educação. Mas parece que no nosso Brasil, isso tá acabando. A gente entende o desenvolvimento, mas o desenvolvimento que está te matando? ”Bota o índio na sociedade”, mas que sociedade é essa que é hipócrita, racista, que não acolhe? A gente não quer dinheiro, a gente quer respeito. Mas a gente também precisa de autonomia nas nossas terras.”

Ela também destacou a necessidade da preservação de áreas indígenas, que são sagradas.

“Aqui é um local sagrado. Se o homem branco, quando morre, tem o céu e inferno, porque nós não temos nossas crenças e lugares sagrados respeitados? Parece que as pessoas odeiam a gente, odeiam os indígenas. Mas se você parar para pensar, só temos florestas em terras indígenas. Precisam respeitar, né?”

O painel funcionou como uma discussão sobre o que é este “amanhã” que já chegou. As formas a se repensar ações são muitas, em diversos âmbitos. Ou seja, a mudança ocorre todas as áreas, sempre respeitando a si mesmo, os outros, a natureza e tentando acolher as diferenças com respeito.

O Festival GRLS! acontece neste fim de semana no Memorial da América Latina, em São Paulo. Neste sábado (7) Kylie Minogue é a headliner.

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