O segundo dia do Festival GRLS! começou debaixo de chuva e com o evento sob risco de uma tempestade de raios. O Memorial da América Latina foi evacuado e houve atraso na abertura dos portões. Mas quando o primeiro show começou com a banda Mulamba, inteiramente formada por mulheres, foi como se todo o drama de minutos atrás nunca tivesse acontecido.
O que começou foi uma apresentação para se rebelar, aprender, dançar e inspirar. Um papo musical de 1h feito de mulheres para mulheres. O show começou com um vídeo mostrando como o governo brasileiro atual não se preocupa com a causa ambiental e a Amazônia. Falas do presidente da República, Jair Bolsonaro, eram intercaladas com vídeos de tribos indígenas clamando justiça por suas terras, bem como vítimas de deslizamentos.
Era a vez de “Lama”, música justamente sobre a resposta violência da natureza contra o descuido e o desmatamento do homem. Após mandar um grande recado, foi hora de envolver a plateia em um clima de romance. A preciosidade de Mulamba talvez esteja em transitar por vários gêneros de forma muito autêntica – o que fizeram ao cantar as lindas “Provável Canção de Amor para Estimada Natalia” e “Interestelar”. O público, formando em sua maioria por fãs de Little Mix, reagiu muito bem ao que lhe era apresentado. É normal se deparar com situações assim quando se chega a um festival cedo para conseguir ficar na frente do palco durante o último show da noite.
O que ocorre foi que, notadamente, muitas garotas no meio da multidão começaram a se identificar com a mensagem do Mulamba. Isso se intensificou com “Carne de Rã”, música do grupo feito para a ONG Católicas Pelo Direito de Decidir sobre a importância da legalização do aborto e a violência que a mulher sofre por não ter esse direito. Antes de “Vila Vintém”, a vocalista Cacau de Sá também falou sobre a violência dos marginalizados. “A Vila não tem educação. A Vila senta no chão. A Vila tem que comer com a mão. […] Ocupa tudo Vila Vintém”. A declaração fez o público gritar “Ocupa Tudo”.
foto por helena yoshioka
“P.U.T.A.” começou logo em seguida. A música versa sobre o que as mulheres, principalmente as marginalizadas, sofrem com a predominância do machismo e da sexualização dos corpos. Houve uma profusão de sinais de confirmação quando se ouviu “Não somos saco de bosta para levar tanta porrada”. “Espia, Escuta” foi a seguinte, embalada por um tom revolucionário que acaba virando um funk em dado momento. As meninas seguem pulando ao som de “É a mulherada ficando embucetada” e as vocalistas Cacau e Amanda fecham o show falando sobre a data de hoje, o Dia Internacional das Mulheres.
“A importância do dia 8 de março não é só para as mulheres. É para a toda a sociedade do planeta […] a gente vai morrer e a gente vai matar.”
Num último momento, lindo, elas também convidaram uma garota trans que assistia na grade pra subir ao palco. Ovacionada por todo o público, a banda, claramente emocionada com tudo o que estava acontecendo, saiu com a sensação de dever cumprido – principalmente pelo fato de que não se esqueceram do assassinato brutal de Dandara dos Santos, mulher trans espancada e executada a tiros no dia 15 de fevereiro de 2017.
Foi um show foda, recebido pelo público como um desabafo coletivo, um ato de revolução. Deixou a certeza de que a força feminina é uma das mais inspiradoras.
Fotos: (Helena Yoshioka e Felipe Dantas)
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