Exclusivo: Gabeu se livra das amarras do dinheiro em “Sugar Daddy”, seu poderoso novo clipe

Quando há cerca de 6 meses o paulistano Gabeu lançou o single “Amor Rural”, não se falou em outra coisa. Além de sua atitude, talvez o que mais tenha chamado a atenção seja o fato de que a música brasileira viu nascer com ele uma nova vertente do sertanejo, um dos gêneros mais populares do país. Abraçando suas raízes tradicionais, as narrativas de sofrência começaram a ser escritas e cantadas sob a ótica LGBTQ+, criando assim o chamado pocnejo.

Nesta sexta-feira (22) o cantor deu mais um passo em direção ao futuro com o lançamento do clipe de “Sugar Daddy”, faixa que como o próprio nome diz, narra história de um amor pautado pelo dinheiro. “Eu já tinha o desejo de abordar essa questão, mas não em um mood ostentação dizendo ‘Eu tenho grana, vou andar no meu Camaro'”, brinca o artista, por telefone. “A ideia, na verdade, era não falar sobre isso como algo positivo. Acho essa cultura ‘sugar’ um tanto problemática. Trata-se de uma relação de poder. A pessoa paga pra te ter e em algum momento isso vai ruir. Quem bota o dinheiro manda, entende?”.

Sempre atento ao que canta, Gabeu revela uma preocupação com o conteúdo de suas letras, que contam histórias. No momento, por sinal, o músico tem trabalhado em novidades. “Tenho composto uma música sobre a relação entre dois cowboys do Velho Oeste. Bem bang bang”. Ele estuda a fundo a veia que tem criado e diz que tem escutado mais música brasileira, deixando pra trás uma fase americanizada. “No início, só conseguia compor em inglês, sempre fui muito voltado para o pop gringo. Agora tem me inspirado resgatar minhas raízes, enxergar possibilidades de representação em coisas que são presentes na vida do campo, nas vivências da roça, do fazendeiro”.

Logo, para fazer pocnejo é necessário pensar além do amor. Ao compreender o sertanejo como um gênero enraizado na heterossexualidade e que traz perspectivas delimitadas entre masculino e feminino, o dialogo com a esfera LGBTQ+ se mostra necessário. “Sempre me questionei: nós, enquanto comunidade, não gostamos do sertanejo porque o estilo musical não conversa com a gente, ou porque as narrativas não nos enxergavam?”. A devolutiva do público, felizmente, tem sido positiva.

Para Gabeu, o cenário atual é de mudança. “Não nos identificamos com o macho bruto, rústico e sistemático e nesse processo o feminejo, apesar de não conversar diretamente com o que vivemos, foi um grande aliado nessa abertura. Tenho recebido muitas mensagens de LGBTQ+ que cresceram ouvindo e que agora conseguem nutrir essa identificação”. O processo é presente.

Em “Sugar Daddy” o efeito deve se repetir. Sempre costuradas à narrativa cantada, as imagens trazem Gabeu se libertando de uma realidade opressora, dramática, levemente inspirada em novelas mexicanas. As discussões acontecem o tempo todo e o casal sabota a própria relação após uma série de cobranças em virtude do poder que se estabelece – e que compra roupas, claro. Há muito brilho, couro e paetê.

Com tanta estética glam, o local escolhido pras filmagens não poderia ser melhor. A trupe responsável pelo projeto escolheu um tradicional brechó de São Paulo para ambientar a história. “Conheço o espaço há algum tempo, possui um acervo muito grande de tudo quanto é tipo de peça, de diferentes épocas, e ainda tem uma parte de mobília enorme, que mais parece uma casa, uma mansão antiga. Por isso a cena do jantar casou tão bem”, conta.

Se ainda faltava algo… não seria conceito? Além de filmes como “Pink Narcissus” e a linguagem fotográfica de James Bidgood, o cantor também faz reverência a dois grandes nomes do sertanejo. Ojalá membros do Olimpo: Milionário e José Rico. Sobre isso, Gabeu explica: “Eu sempre cresci ouvindo a música deles por conta do meu pai e um dia tive esse insight. ‘E se eu fizer uma música e mencioná-los?'”.

A direção é de Sillas H., também responsável por trabalhos com Adriana Calcanhotto e YMA. Assista:

“Sudar Daddy” também está disponível em todas as plataformas digitais. Já deu seu stream?

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