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Samuel De Saboia fala sobre sua nova obra, imigrantes e arte para a revista Flaunt

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Samuel De Saboia, pintor recifense, vem fazendo muito sucesso no mundo da pintura. Com seu jeito disruptivo, que quebra padrões da pintura clássica, o jovem é destaque da revista Flaunt em uma entrevista publicada nesta quarta-feira (25).

Popularmente apelidado como “o próximo Basquiat”, o artista vem conquistando cada vez mais os holofotes. No sábado (28), Saboia irá revelar sua mais nova obra, intitulada ‘Unamerican Beauty’ (algo como “Beleza Não-Americana” em português).

Ele contou à revista que seu amor pelo Mundo da Arte começou muito cedo, aos 12 anos. Projetos online lhe permitiram, desde um primeiro momento, começar a entender sua identidade e seu objetivo neste meio. E sua carreira foi intensa desde os primeiros anos.

“Quando eu tinha 15 anos, fiz meu primeiro show coletivo em Nova Iorque, sob a orientação de Isabella Bustamonte para o Teen Art Salon. Desde então, participei de duas exposições individuais em Nova Iorque e no Brasil, duas feiras de arte brasileiras, um museu individual no Brasil, quatro colaboradores e uma instalação em Paris”

Suas influências vieram de sua vivência, é claro. Os arredores de onde morava e uma tia, que também era uma pintora, refletiram muito em seus trabalhos:

“Eu também tinha uma tia muito querida, que era uma pintora hiper-realista com um amor particular por flores. Quando eu nasci, ela pintou um lírio de arum para meus pais, e ela me colocava em seu estúdio o tempo todo. Ela morreu de um tumor cerebral causado por inalação de tinta. Ele me ensinou até onde alguém poderia ir em nome da arte”

O artista se mostra muito atento às questões discutidas atualmente. Reflexo disso é sua próxima arte, “Unamerican Beauty”, que discute a experiência dos imigrantes nos Estados Unidos. Sobre isso, ele contou ao veículo que sabe como o preconceito age e falou sobre uma situação desagradável que aconteceu e questões policiais.

“Como um corpo negro, eu já tenho pavor de policiais, e quando cheguei a LAX pela primeira vez, os funcionários da alfândega ficaram impressionados com meus “muitos carimbos de passaporte” e o fato de uma empresa de tecnologia bem conhecida me convidar para um projeto centrado em torno da minha arte. Eles me fizeram uma tonelada de perguntas enquanto todos que estavam no meu voo passavam por mim e provavelmente supunham que o único garoto negro no voo escondia drogas em suas malas. Fui acompanhado para pegar o resto da minha bagagem e subseqüentemente fui detido em uma sala privada por cerca de uma a duas horas, enquanto dois policiais examinavam todos os meus itens pessoais. No final, eles fizeram uma pesquisa no Google e perceberam que eu não era “quem eles estavam procurando”. Eu me senti envergonhado e confuso e chorei todo o caminho de LAX até minha casa em Echo Park. Pelo menos tive uma conversa muito agradável com esse motorista de táxi russo – foi o primeiro “olá” quente depois daqueles momentos loucos.”

Ainda nestas questões, o repórter da revista quis saber a visão de Saboia para como deveriam ser tratadas as questões de imigração. Ele citou a música “Borders” de MIA e como pontes culturais poderiam ser construídas através de um diálogo mais humano e flexível:

Eu acho que deve ser destacado quanto os países chamados “primeiro mundo” lucram com os países em desenvolvimento. Muitas pontes – especialmente em termos culturais – poderiam ser construídas por um diálogo mais flexível. Eu sempre vi nossas diferenças como oportunidades de enriquecimento em vez de menosprezo. Sinceramente, estou cansado de me sentir ansioso, sem fôlego e como se estivesse prestes a desmaiar ou me cagar, por ir para outro país para o qual realmente paguei muito dinheiro para viajar. Como o MIA disse uma vez – “Borders, o que há com isso?”

Suas obras questionam e demonstram suas visões. Para o artista, seus trabalhos funcionam como parte de uma orquestra, a abertura de caminhos e novas visões:

“Sinto que, como um corpo negro queer, já sou a mensagem política. Minhas peças são instrumentos que fazem parte de uma orquestra. Eles perguntam, falam, são a minha maneira de abrir o caminho para os outros, em relação a outras realidades serem ouvidas e admiradas”

Maravilhoso! Representando nosso país com sua arte, te veneramos, Samuel De Saboia <3

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