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Falamos com Jeffrey Nordling, o Gordon Klein de “Big Little Lies”, sobre 2ª temporada, relação com elenco e poderio feminino

[ATENÇÃO: O TEXTO A SEGUIR CONTÉM SPOILERS]

Quem acompanha “Big Little Lies” sabe que o episódio do último domingo botou fogo no parquinho. Ao contrário da mansidão que marcou o EP de retorno da série, incontáveis coisas aconteceram e a casa dos Klein (assim como todas as demais né, gente?) foi colocada de ponta a cabeça.

Além da sombra do assassinato de Perry que segue pairando sobre Renata, uma das integrantes do chamado “Monterey Five”, Gordon, seu marido, foi preso pelo FBI. Na ocasião, uma série de negócios ilegais do empresário foi descoberta e agora a família teve seus bens bloqueados.

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Se este é o início da ruína de Renata? Nós ainda não sabemos, mas olha… Mary Louise, personagem de Meryl Streep, veio com sangue nos olhos e a gente acha que ela pode estar por trás disso. Pra saber um pouco mais sobre o que esta temporada nos reserva e como foi a experiência de estar no set ao lado de verdadeiras deusas da atuação, o Papelpop bateu um papo com o ator Jeffrey Nordling, que interpreta Gordon.

Nessa conversa ele falou sobre sua experiência ao lado de nomes como a recém-chegada Meryl Streep, sobre como funciona sua relação com as colegas e produtoras executivas Nicole Kidman e Reese Witherspoon, e claro. Rendeu-se em elogios para a parceira de cena, Laura Dern. Aqui vai uma prévia do que ele disse: a amizade feminina tem muito a nos ensinar.

Papelpop: Oi, Jeffrey! Logo de início as coisas parecem bem tensas na casa dos Klein e transcorreu um verão desde o incidente na noite de arrecadação de fundos. A Renata não disse nada para o Gordon…

Jeffrey: Você está certo, nada está bem. Você está vendo apenas as coisas apodrecendo lá embaixo.

Uma das coisas que gosto, especialmente no relacionamento que tem seu personagem, é que existe entre ambos uma natureza corrosiva do segredo, o que é interessante. Acho que na maioria dos outros casamentos há apenas um grande segredo, mas aqui cada uma das partes possui o seu. Isso torna as coisas fascinantes e hipócritas na mesma proporção, mas não senti isso vindo da parte do Gordon.

Eu achei isso ótimo. Liani Moriaty (a autora) trouxe esta ideia e para ela ter a história centrada nisso é simplesmente brilhante. E Davi E. Kelley (criador da série) tornou tudo tão bonito, ele é ótimo. Laura se parece à Holly Hunter nisso porque ela pode atuar munida de uma mágoa e uma raiva horríveis e ainda assim manter as coisas divertidas. Reese também é capaz disso. É terrivelmente difícil, tecnicamente falando, mas acho que essa é a mágica que elas encontraram. Renata foi escrita tão lindamente e sua intérprete é destemida… É absolutamente destemida.

Atuar com a Laura deve ser uma experiência extraordinária, porque ela é magnífica…

Ah, sim. É fantástica. Você nunca sabe o que vai sair dali. Ela é totalmente destemida e no momento em que estamos gravando é fascinante. Qualquer coisa que você inventar e jogar nela, ela só pega e jogar de volta pra você. É muito divertido, eu a adoro.

Você notou alguma diferença entre a primeira e a segunda temporada em relação à direção? Antes a função era de Jean-Marc Valle e agora temos Andrea Arnold.

Está bastante diferente. Eu adoro Jean-Marc, eu poderia andar em brasas para poder trabalhar com ele novamente. Ele é um louco e eu o adoro. Mas também adoro Andrea Arnold, ela é completamente diferente, foi uma energia que nos permitiu atuar e relaxar. Ela simplesmente tocava música por um tempo e depois entrávamos em cena. É ótimo ter uma mulher e sua voz ali. Não tenho certeza se você percebeu isso, mas nas câmeras não há um ponto de vista masculino. É algo visto somente pela perspectiva feminina e então sim, ela mostrará os homens. É algo que você simplesmente não sabe que está acontecendo e então você diz ‘Oh’!

Reese Witherspoon e Nicole Kidman agora fazem parte do time de produtores executivos. Como é tê-las na chefia?

Ah, eu as adoro! Eu as adoro. Não havia um idiota em todo o set. Quero dizer, é notável. E então você traz a pessoa mais legal na face da Terra, Meryl Streep, que todo mundo teme. Quando você fala com ela só consegue dizer que a ama, porque ela é o ser-humano mais gracioso. Em sua última cena, em seu último dia no set, ela ficou por uma hora e meia tirando selfies com quem quer que estivesse lá, ouvindo suas histórias sobre quando viram “Deer Hunter”, seu primeiro filme, ou o que quer que fosse. Nicole se ajoelhou, pegou sua mão e a beijou. O respeito que essa mulher tem… ela é tudo isso. Temos a sorte de viver na mesma época em que ela. Ela é outra coisa.

O que Reese e Nicole fazem para que a série agora pareça diferente daquilo que foi feito por outros produtores?

Elas não estão presentes quando não estão em cena, mas eu sei que elas estão assistindo as filmagens cruas. Gravamos uma cena, Laura e eu, e pensei que tínhamos acertado. Reese voltou e disse ‘Temos que mexer, temos que mexer, você está ficando meio morto’ e eu concordei. Ela foi muito bem, tem uma boa pegada e estava absolutamente certa. Perceber como estava errado, sendo ator, é bom. Nos bastidores elas não chegam até você com notas, mas estão lá de uma forma em que não te julgam, muito solidárias. Elas são foda! Também notei uma diferença nesta temporada. Tão importante quanto os homens são nesta fase, o cerne da história segue nas mulheres e na mentira. Tenho estado no comando como homem há 30 anos e estou acostumado a interpretar isso de uma forma desanimada, sendo sempre aquele que lida com as coisas por aí. Mas tenho uma esposa e três filhas e quando digo que o futuro é feminino, estou sendo extremamente otimista, porque minhas filhas são más.

A primeira temporada foi ao ar na primavera de 2017, o que acho particularmente bem interessante porque isso aconteceu antes do movimento #MeToo eclodir. Você acha que a série de alguma forma ajudou a pavimentar o caminho?

Sim, e acredito que isso fez parte de um ímpeto responsável por levar a coisa a explodir. O timing foi extraordinário, você não pode planejar coisas assim, obviamente. Eu sou um homem branco, hétero, nesta indústria há muito tempo. Tenho desfrutado de uma parcela maior de sucesso do que aquilo que realmente tenho direito e tenho estado no topo por um bom tempo. Existe uma história esperando para ser contada.

O que você aprendeu sobre a natureza da amizade feminina mostrada na série?

Bem, aprendi muito sobre vendo minhas filhas crescerem. Elas são tão ferozes. E é complicado porque com garotos você meio que sabe o que eles estão sentindo. É algo que não se diz, mas que usualmente está lá. É raro que eu tenha um amigo homem e ele me diga o que de fato acontece. Mas em se tratando de mulheres, percebi sem sombra de dúvida que elas são mais legais e que se esse tiro sai pela culatra pode ser devastador. Então tem sido, sem querer ser pretensioso, uma honra fazer parte disso. Estou realmente envolvido com toda essa energia feminina, tivemos tempos interessantes. Realmente fizemos isso acontecer.

 

Se você ainda não está acompanhando a segunda temporada, é bom correr. Os episódios vão ao ar sempre aos domingos pela HBO a partir das 22h. Pra quem perdeu, basta correr até o HBO GO mais próximo.

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