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Em entrevista ao Lázaro Ramos, Baco Exu do Blues conta como o racismo prejudica a saúde mental dos negros

O programa “Espelho”, do ator Lázaro Ramos, estreou sua 14ª temporada na noite desta segunda-feira (25) no Canal Brasil.

O primeiro episódio teve Baco Exu do Blues como convidado, e, para quem não sabe, ele é um dos grandes nomes do rap nacional atualmente. Também conhecido como Kanye West da Bahia, o músico contou sobre sua história de vida, sua trajetória profissional, e claro, o racismo estrutural que afeta sua vida e causa depressão.

“Eu descobri minha voz artística quando vi que não me enquadrava em lugar nenhum e que estava preso em uma caixinha: de eu me enquadrar em um lugar que as pessoas esperam que eu faça certas coisas e tenha vergonha de não fazer certas coisas. Quando vi ‘você tem que fazer isso, aquilo, porque você é preto’, me incomodou bastante. A que ponto isso é saudável, é bom?”

Continuou:

“Você está metido em uma sociedade que vê o preto como violento. Tenho que ser violento nas minhas letras; se eu deixo de ser, não estou fazendo mais música para preto, é o que vão falar para mim. Estou tentando lutar pela minha voz, as pessoas não entendem ainda o que eu quero falar. Elas não me veem no direito de falar de amor, da minha vida normal. Já pensei em me matar tantas vezes por conta disso. Toda criança preta sofre muito quando criança, independente da classe social. Acredito que todos nós negros temos tendências depressivas, e isso não é discutido. A gente não vê como problema real, mas (a depressão) precisa ser combatida.”

Contou como a música salvou sua vida:

“[A música] ‘Sulicídio’ foi a forma que achei de abrir porta, estava cansado de ver pessoas que fazem rap dentro do Nordeste tentando invadir uma cena fechada, gerações sendo excluídas. Estava focado em ser agressivo o máximo possível para chocar as pessoas e verem que eu existo. Eu preciso ser agressivo para ser notado, mas ser agressivo é o que esperam que eu seja. Automaticamente, entro em um estereótipo. Até quando vou ter que entrar no estereótipo para conseguir alguma coisa?”.

O rapper também contou como, após seu pai morrer, foi morar na parte branca da família de sua mãe e como isso o machucou: “Comecei a entender que dentro da própria família existe racismo. É uma parada que me machucou muito. Por mais que a pessoa não tivesse a intenção, ela foi projetada a vida toda para me ferir.”

Baco já comentou sobre a problemática também em músicas como “Me Desculpa Jay Z” , faixa que dialoga com a solidão e saúde mental de um homem negro.

Seu segundo álbum, “Bluesman”, ganhou um curta-metragem no ano passado:

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