Blue Ivy está no meio de nós! Antes de contar como foi o show de Beyoncé e JAY-Z aqui em Londres, na segunda parte da turnê “On The Run”, preciso falar sobre a princesa, sobre a herdeira, sobre a dona da família Carter. 20 minutos antes do show começar, numa área VIP suspensa do nosso lado, de frente para o palco, sobe um monte de gente com Blue Ivy e amiguinhos. É a creche Carter. Os britânicos são muito educados e polidos, mas nesse momento pagaram mico. Começaram a gritar quando viram a menina. Ela, toda assustada, olhava para um mar de gente dando tchau e sorria, continuava conversando com as amigas. O povo insistia, dando tchau pra ela e Blue Ivy acenava de volta, toda simpática.
Ela e todos nós que lotamos o estádio Queen Elizabeth, construído na época das Olimpíadas em Londres, esperávamos ansiosamente pela chegada dos Carter. Showzão. Dois artistões. Só hitões.
O telão começa a transmitir a história de amor da dupla. Avisa que ele é o gângster, que ela é a rainha e, de repente, os dois surgem do céu, descendo num elevador no meio do palco. Histeria coletiva. Celulares em punho. Vai começar.
Os dois cantam “Holy Grail” e o povo pula como se não houvesse amanhã. Uma menina atrás de mim, que chegou de salto alto para o show (não entendi, gente!) tinha desistido do look e já rodava o sapato na mão. Eu podia ficar cego com a animação dela, mas tudo bem.
O show é uma declaração de amor, é um reforço no casamento, quase uma renovação de votos. Nos vídeos, no palco, em todo lugar Queen B e marido mostram o amor que sentem um pelo outro. Rola “Bonnie & Clyde”, com aquele sample esperto de Prince, depois vemos mais cenas do casal no telão, os dois numa ilha paradisíaca, ela tira a roupa, ele filma… Uma lua de mel.
E aí começa um dos momentos mais legais do show: “Drunk in Love”. Não é muito diferente da versão que vimos no Coachella, mas tem uma novidade que faz o povo surtar. Beyoncé sobe numa escadinha e sobrevoa a plateia cantando. A hora da música em que ela canta “surfboard” é muuuuuito foda. O telão se abre e a banda aparece toda de vermelho “pregada” na parede dentro de umas caixas no ar. Todos fazem a onda do “surfboard” junto com ela e os dançarinos. O povo surta. E eu percebo que tô vendo showzão nessas horas.
Vem o JAY-Z agora, com “On to the Next”, “FuckWithMeYouKnowIGotIt” e aí ela volta ao palco, toda de preto, começando o rap de “Flawless” em cima do rap do JAY-Z. Eu amo que ela tá usando uma bandana preta, de ladinho, tipo o 2Pac.
Depois tem uma versão mais lenta de “Love to Love You Baby” e o JAY-Z volta com o clássico “Big Pimpin”.
Outro momento que eu não esperava que os britânicos iriam surtar é a parte em que ela canta “Mi Gente”, música de J Balvin que ela tratou de cantar porque não é boba, nem nada. Levantou o estádio. Fez até os héteros perdidos que foram com as namoradas dançarem com a cerveja na mão. Eu podia ter morrido nessa hora também, se caísse bebida em mim, mas sobrevivi.
“Sorry”, meus amigos. Eu vou deixar um trechinho aqui embaixo porque é melhor que falar. Assim vocês têm uma noção:
JAY-Z entra num palco só com projeção preta e branca cantando “99 Problems”. A mugshot dele (nome que os EUA dão praquela foto quando a pessoa vai presa) é projetada no telão junto com a de vários famosos que também tiveram ficha na polícia: Frank Sinatra, Mick Jagger, David Bowie e muitos outros. Beyoncé não demora muito pra voltar ao palco. O show parece que precisa dela o tempo inteiro.
O tema cadeia continua e os dois sentam numa cadeira de espelhos, um de costas pro outro, cantando “Ring the Alarm”. Depois tem “I Care” com ela, “Song Cry” com ele e depois vem o único momento breguinha do show (minha opinião, gente!): Beyoncé senta no cantinho do palco, sozinha, para cantar “Resentment”. As luzes dos celulares se acendem sem Beyoncé pedir. De repente está tudo iluminado enquanto ela canta sobre a traição do marido, chamando ele de mentiroso. É isso aí, amiga!!!
(foto: @OTRIITour)
As imagens da vida pessoal continuam bombando no telão. Os dois são bem espertos. Não compartilham nada da vida deles nas redes, não dão entrevista, nada, zero! Mas durante o show… Menino! É exposição direto. Quer ver os filhos? O casamento? Eles na cama pelados? A intimidade? Paga o ingresso. Vem ver no nosso show porque a vida faz parte da arte do casal. Nada mais justo.
“Upgrade U” é um dos momentos mais legais da noite, uma das melhores músicas dela (minha opinião, gente!):
As músicas mais animadas ficam para o fim. “N***as in Paris”, “Formation”, “Run the World (Girls)” e “Crazy in Love”.
Gosto muito do show. São dois puta artistas dividindo o palco, um hit atrás do outro, uma sintonia indiscutivelmente perfeita. Masssss… Eu acho que um fã da Beyoncé, no final das contas, acaba vendo 60% de show de Beyoncé e os fãs do JAY-Z acabam vendo 40% de show de JAY-Z. A impressão é que um atrapalha o show do outro. É uma tarefa difícil dividir.
Quando JAY-Z entra sozinho e começa com as músicas dele, a esposa vem e interrompe com as dela e vice-versa. Em determinado momento, parece que você tá vendo dois shows intercalados. Nenhum dos dois consegue construir uma história ou levar a plateia numa jornada musical, digamos assim. Os dois artistas têm músicas bem distintas e por isso fica um pouco estranho esse troca-troca. Os momentos legais são quando rolam as interseções, quando os dois se encontram em músicas boas como “Déjà Vu”, “Holy Grail” e “Upgrade U”.
Não estou dizendo que o show é ruim, veja bem. É excelente. Não tenho outra palavra pra descrever. Só estou dizendo que temos um pedaço ótimo de cada um deles e eu queria um show inteiro de cada. Mas é uma partilha até nisso. É um casamento, eu entendo. Como em toda união, os dois precisam ceder. E é vantajoso viajar com o maridão e os filhos. Assim fortalece o cofre, o casório, a família fica junto. Tuuuudo bem, já entendi, Beyoncé e JAY-Z. Vocês são crazy in love, drunk in love… E eu amo vocês mesmo assim.
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