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Por onde é que anda o reggae nas paradas musicais?

Eu estava na fila do mercado e tirei os fones, pois era o próximo do caixa. Quando fiz isto, comecei a ouvir uma música familiar, mas não reconheci logo de cara. Ao terminar de pagar a compra, percebi que era ‘Onde Você Mora?’, do Cidade Negra – em uma versão orquestrada, cheia de firulas. Eu gosto desta música, ouvi bastante quando moleque. Voltando pra casa, percebi que faz um tempo que deixei de ser moleque, mas a mesma música perdurava na rádio.

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Claro, a rádio anda numa velocidade diferente do que qualquer coisa que temos hoje. Não é apenas esta música do Cidade Negra que tem mais de 20 anos e continua tocando pela frequência FM.

Fui buscar na cabeça quais foram as últimas músicas deste estilo emplacaram de um jeito estrondoso e lembrei apenas do Magic com ‘Rude’’. De nacional, eu não consegui lembrar na hora, mas lembrei de outra coisa. Um amigo meu que é regueiro de carteirinha enquadra este tipo de música como reggae de cachoeira.

O que isso significa? É um tipo de música que poderia ser pop rock, mas colocam uma pitada de reggae no estúdio. ‘Uma base facinho para quem for tocar no pé de uma cachoeira’. No fim das contas ele tem um pouco de razão, mas este ‘cachoeira’ não é destinado para o reggae. Quem curte música eletrônica, pode achar que o Chainsmokers é muito pop. Quem curte rock, pode achar que The Haim é muito pop também.

Integrantes do Magic!

Dei um pulo na Billboard e comecei a filtrar o que tinha de reggae por lá nos últimos meses. Uma coletânea do Bob Marley quase saindo do top 100 e apenas. Do lado nacional nenhum reggae entre os mais tocados em rádio ou perto do top 100 no Spotify, Deezer ou Apple Music. Será que é um estilo que não tem consumo nestas lojas?

Como eu gosto de reggae, percebo que tem bandas novas (cachoeiras e não) que tocam e muito por este Brasilzão, atingem uma galera no Facebook e tem plays consideráveis no YouTube. Cidade Verde Sounds, Ponto de Equilíbrio, Mato Seco, Junior Dread, Oriente (que mistura rap) e entre outras.

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O rap foi um estilo marginalizado até no comecinho da década 2000, mas perdeu um pouco de este estigma com o Marcelo D2 procurando a sua batida perfeita – lançada em 2003. Ali, o público, crítica e publicidade viram que o rap não falava apenas sobre crítica social, barras pesadas e abraçaram o som. Quando digo abraçar, o som foi parar no Faustop e tudo quanto é lugar. Hoje é muito comum ver um Emicida, Projota ou Haikaiss fazendo algum som nestes lugares, mas teve um empurrãozinho no passado.

O reggae já teve este empurrão com coisas mais populares como Natiruts, Armandinho, Chimarruts e Planta & Raiz, mas ainda aparece como segunda divisão nos principais veículos. Não sei será necessário o nascimento de um nome ainda mais acessível que flerte com reggae para cair nas graças dos veículos ou aceitar que o som é para ficar neste patamar que está. Eu realmente não consigo entender…

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O jornalista paulistano, produtor musical e marketeiro Brunno Constante analisa, pondera, escreve e traz novidades sobre música no Papelpop todas as terças-feiras.

Fita Cassete é o alterego de Brunno quando ele fala sobre o assunto.

Quer falar com ele? Twitter: @brunno.

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