Novo single da Katy Perry, “Chained…” não é só um pop dos bons, mas também uma crítica social necessária

Quando ouvimos os trechinhos de “Chained to the Rhythm” naqueles globos que Katy Perry espalhou pelo mundo, parecia que o novo single da cantora seria sobre uma música tão boa que seria impossível não ficar “acorrentado ao ritmo” dela. Que nada!

“Chained to the Rhythm” é uma crítica das boas não só ao momento pelo qual passa os EUA, como também ao sistema de uma maneira geral. Tanto que a letra já começa dando aquela cutucada num dos comportamentos mais típicos do século XXI – e que, de acordo com vários cientistas políticos, acabou levando Trump à Casa Branca: nossas bolhas!

Estamos loucos? Vivendo nossas vidas através de lentes, confortáveis em nossas bolhas… Você não está sozinho nessa utopia, onde nada nunca será suficiente. Estamos deliciosamente entorpecidos.

Katy chegou pra dar aquele toque de amiga. Nos fechamos tanto dentro dos nossos grupos sociais (as bolhas!) que acabamos vivendo numa utopia. Nela, tudo é tão perfeito que nem conseguimos enxergar os problemas do lado de fora, como a ascenção mundial do conservadorismo, as guerras, a fome, etc.

Mas aí o que a gente faz? Sai da bolha e enfrentar as tretas? Nããão! “Somos lindos, então vamos colocar nossas lentes cor-de-rosa e curtir!”

Aumenta o som, é a nossa música favorita. Dançamos em meio às distorções. Vamos lá, aumenta, coloca no repeat. Vamos tropeçando por aí como zumbis destruídos. Pensamos que somos livres. Então beba mais, essa é por minha conta! Estamos todos acorrentados ao ritmo

Catou que esse ritmo não é só sobre a música, né? É o ritmo do sistema, que faz a gente acordar cedo, passar o dia trabalhando para, no final de semana, ir pra balada e gastar toda nossa grana tentando esquecer das partes ruins da vida sem conseguir escapar delas.

Mas, ainda assim, Katy tem esperanças de que as coisas vão melhorar.

Estamos surdos? Continue varrendo as coisas pra debaixo do tapete! Pensei que faríamos melhor que isso. Espero que a gente ainda consiga

Em 2016, durante a campanha presidencial dos EUA, Katy se posicionou a favor da democrata Hillary Clinton. A ex-Primeira Dama acabou perdendo a Casa Branca para Donald Trump, cujo um dos principais objetivos é construir um muro na fronteira com o México para barra imigrantes vindos do país latino.

Aí o que a Katy fez? Chamou o Skip Marley, imigrante jamaicano neto do Bob Marley, pra gritar pro mundo que o caminho correto não é construir, mas derrubar as barreiras.

O meu desejo é derrubar os muros para conectar e inspirar. Prestem atenção aí em cima, seus mentirosos. O tempo do império está acabando. A verdade que eles contam é frágil. Como tantas vezes antes, eles foram ganaciosos com as pessoas. Enquanto eles tropeçam e tateiam, nós estamos prestes a nos revoltarmos! Eles acordaram os leões!

Os leões daí são os mesmo de “Lions”, single do Skip que fala sobre pessoas que lutam pela liberdade e querem ter seus rugidos ouvidos. Já sobre os “mentirosos”, a gente nem precisa dizer nada, né? Katy está falando sobre Trump (que se elegeu na base do ‘uma mentira contada muitas vezes vira verdade’) e, por que não, sobre o sistema meritocrático e excludente em que vivemos.

Acha que eu tô viajando? Não tô, amiga! Tanto que o lyric video mostra um hamster em sua casinha, sendo alimentado por uma mão gigante (lembra aquela tal de “mão invisível” do capitalismo, que supostamente compensaria as distorções do sistema?) enquanto assite outro hamster correndo sem parar em sua rodinha.

Vocês acharam que a Katy não ía entrar na onda politizadora do pop hoje, né?

Mas ela entrou e, melhor de tudo, entrou sem cair no conceitual que a gente até gosta, mas não dança na balada.

Isso sim é hino. ;)

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