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Elekfantz fala ao Papelpop sobre novo álbum e paixão pelos anos 1980: “Nunca saíram de moda”

No final de junho de 2020, o duo Elekfantz lançou o disco “Elements”. Com um som maduro e de camadas complexas, o projeto é o segundo da carreira e conta com 11 faixas inéditas que transitam de maneira fluida entre a música eletrônica e o synthpop.

Formado pelos músicos Daniel Kuhnen e Leo Piovezani, o Elekfantz já se apresentou em diversos festivais internacionais, alcançando um grande sucesso de público e crítica. Nesta semana o Papelpop bateu um papo com ambos os integrantes por telefone a fim de falar sobre influências, criação do novo material e planos pro futuro.

PAPELPOP – Como foi fazer o disco? Vocês deixam rolar ou tudo é muito intencional?

LEO PIOVEZANI: Ótima pergunta! A gente gosta muito de compor, produzir e se dedicar a isso. E a gente tem um produtor que nos ajuda, o Gui Boratto, que é o cara que ajuda a finalizar as músicas, buscar essas texturas. O Gui é fenomenal nessa área. Mas eu e o Dani chegamos com as músicas uns 60% prontas. Algumas músicas a gente construiu junto do Gui. E quando estou compondo, me preocupo muito com o som, escolher um synth ou um timbre…

DANIEL KUHNEN: Manipular esses timbres pra chegar num som específico.

LEO: Às vezes a música nasce assim. Se você falar com qualquer cara de compõe, o instrumento ajuda nisso. Por isso, por exemplo, o Gui compra um monte de synth. Eu gosto mais da parte de compor, de criar letra, melodia e harmonia. Quando você tem um equipamento novo, você se inspira a fazer algo diferente. E se uma música não chega num timbre legal, ela fica na geladeira.

DANIEL: Por anos, até ela ganhar a roupa certa.

A feitura um pouco mais analógica está em alta, né? Como o “Chromatica”, da Lady Gaga, que foi mixado apenas com técnicas que existiam já nos anos 90, por exemplo. Como vocês veem o cenário pop com essa vibe retrô?

DANIEL: É o The Weeknd também, super anos 80. Desde o começo do Elekfantz, por nossa bagagem e mistura de influências, viemos muito por aí. Desde os sintetizadores analógicos, as guitarras com distorção… e nesse disco, conseguimos amadurecer na composição e letras, sendo só canções. Tivemos mais tempo e cuidado na produção e dar um passo além, de mixar numa mesa 100% analógica. A gente quis experimentar de ver como nosso som soaria sendo mais analógico. Inclusive a masterização foi feita em Londres, no estúdio que masterizou discos do Depeche Mode nos anos 80. 

LEO: Os anos 80 nunca saíram de moda. Ali foi feita muita música boa. Dos anos 60 até os 90, foi incrível. Os maiores hoje são meio anos 80.  

Com esse disco tendo um foco maior nas letras, havia uma pressão para que mensagem fosse mais clara?

LEO: Nesse disco, mais. No outro, a maioria das músicas eram mais espontâneas. Dessa vez tivemos mais atenção nos significados e contamos com parceiros para o inglês sair perfeito. A letra é a parte mais complexa pra mim.

DANIEL: É, o inglês não é nossa língua principal, né? Escrever em português é difícil, mas em inglês, não sendo a língua principal, mais ainda. Conseguir escrever e contar algo, uma história, além de uma melodia bonita foi um desafio. Foi interessante.

LEO: E às vezes vem a melodia e a letra vem surgindo. Pra alguns artistas, como o David Bowie, as letras nem sempre faziam sentido. Era só um jogo de palavras, porque a melodia que era importante. Tem gente que só escreve e depois vem a melodia, tipo o Chico Buarque.

Além dos artistas de hoje que soam como os anos 80, quem são de verdade os heróis de vocês em inspiração?

DANIEL: Dos anos 80, foi Depeche Mode, Tears for Fears, Pet Shop Boys, The Cure… Bowie é uma influência tanto pro Leo quanto pra mim. 

LEO: Como o Dani falou, The Cure e Tears For Fears pra mim seriam as maiores influências. E Pet Shop Boys! Tem bastante no disco.

E antes da pandemia, vocês estavam programando um show especial para o disco, certo?

DANIEL: Sim, a performance é algo que a gente presa muito. O show do Elekfantz é um som bem diferente do que você ouve no Spotify. No show, a gente quer que sua experiência seja bem diferente. Que você reconheça a música, mas que seja além. As bandas que eu curtia na adolescência tinham uma porrada, um impacto, ao vivo. A gente está inserido num universo da música eletrônica, que os produtores são DJs e levam a música pronta e só dão o play. É exatamente a mesma música. A gente fica mais próximo de uma banda, com o Leo cantando ao vivo, tocando sintetizadores, tem bateria… a gente consegue ter uma performance parecida com uma banda, mais do que com um DJ. E criamos uma cara e experiência bem diferente pras músicas. 

 

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Você pode ouvir o disco “Elements”, do Elekfantz, no player abaixo:

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