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música

Quanto vale a nota da apuração de Carnaval ou a crítica de um álbum?

Por conta de uma variação decimal bem pequena, o carnaval de uma escola de samba pode ir água abaixo ou sagrar-se campeã da avenida. O trabalho de um ano inteiro vai pelo ralo por uma escorregada no enredo, por algum adereço cair no meio da passarela ou, simplesmente, do puxador esquecer o trecho da letra.

A apuração é algo bem tenso e, às vezes, tira do sério a agremiação de algumas escolas por conta dos jurados. Apesar de ter o lema de levar alegria da sua comunidade para os foliões, a festa parece ser montada para agradar a bancada que ficam com o seu caderninho e uma caneta nas mãos durante o desfile.

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Para dar esta precisão nas notas da festa existem comissões espalhadas pela avenida que ficam atentas com o andamento das apresentações de cada escola. Os problemas detectados não tira algum ponto, mas multa no bolso da agremiação.

Se os sambistas demorarem mais de 2 horas e meia de tempo total na avenida, por exemplo, a comissão de dispersão pode mandar um boleto de até 45 mil reais para escola como punição. É uma pressão imensa por todos os lados e tudo tem que estar bonito para os jurados.

E isso rola também com outros artistas…

Não é algo exclusivo das escolas de sambas pensar em quem vai julgar e dar uma nota em cima do seu trabalho. Tem uma porção de bandas que se preocupam (e muito) em quantas estrelinhas terão em certa publicação ou se vão ser citadas por algum blog hypado do fulano de tal.

A casa escolhida para o show de lançamento pode até ter um bom número de pagantes, mas se o crítico do jornal não der as caras no espaço vip, pode ser um soco no meio do âmago do artista. Por exemplo, para uma banda hypada não ter o seu disco avaliado pelo Pitchfork Media é algo ruim. Por ali o batalhão de correspondentes alimentam o site com as coisas frescas e bacanas que estão surgindo no cenário.

Avaliar é muito difícil

Falando em pontuações, eu sempre fui um bom leitor de revistas e sempre deixava para o final as notas que os críticos davam para os discos. Cada publicação tem a sua postura editorial e contava com um time de críticos para dar um selo de qualidade ou execrar o trabalho de algum artista – coisa que é bem difícil ver. Cada um ali carregava uma bagagem de outros trabalhos, referências e gostos para redigir o texto e botar uma nota..

Antes eu via as notas nas revistas, ficava puto com alguma coisa que o/a jornalista falava, mas não ia perder tempo e dinheiro para enviar uma carta para redação e pedir explicações sobre tal nota de algum artista. Também vivi o outro lado e não era uma tarefa fácil. Eu cheguei a entregar algumas críticas para alguns veículos e a parte mais árdua era de colocar a nota em alguma coisa. O que difere um disco ganhar quatro estrelas e outro cinco estrelas. Quando era uma nota muito alta, eu pensava: ‘Nossa, mas tal disco clássico poderia ganhar esta nota também. Será que é justo dar este valor aqui?’.

Como na apuração de escolas de samba muitos fãs levam a sério notas dadas por editores para seus ídolos de coração e cobram explicações de seu artista predileto ter uma levado uma estrela a menos. Nunca será uma ciência exata avaliar um disco ou uma escola de samba. Você leva a sério estas notas ou prefere deixar a música rolar?

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O jornalista paulistano, produtor musical e marketeiro Brunno Constante analisa, pondera, escreve e traz novidades sobre música no Papelpop todas as terças-feiras.

Fita Cassete é o alterego de Brunno quando ele fala sobre o assunto.

Quer falar com ele? Twitter: @brunno.

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